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Manifestantes interditam os dois sentidos da Raja Gabáglia pelo sexto dia seguido

Manifestantes reunidos à entrada da Companhia de Comando da 4ª Região Militar contestam o resultado das urnas e pedem intervenção militar

O trânsito está interditado na altura do Hospital Madre Teresa, na avenida Raja Gabáglia

Seis dias após a eleição presidenci

al que confirmou a vitória do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no pleito, apoiadores do atual presidente Jair Bolsonaro (PL) mantém interditadas neste sábado (5) as faixas da avenida Raja Gabaglia em frente à Companhia de Comando da 4ª Região Militar, na altura do bairro Gutierrez, na região Oeste de Belo Horizonte. Eles protestam contra a eleição de Lula, contestam o resultado das urnas e pedem intervenção militar.

No início da tarde de sábado, a Polícia Militar (PM) e agentes de trânsito interditaram o tráfego na altura do Hospital Madre Teresa e o mantém fechado até a esquina da Raja Gabaglia com rua Olímpio de Assis. Não há previsão para liberação do trecho.

Manifestação começou na segunda-feira (31)

Um homem em cima de um trio elétrico orienta a multidão no fim da manhã deste sábado (5): “não comprem comida dos ambulantes, temos refrigerantes e sanduíches para quem estiver de verde e amarelo”; “eu não quero Copa do Mundo, eu quero é justiça”; “está vindo um som lá de baixo, ele é do mal, querem tirar o nosso foco, não permitam que se aproximem”. E em outro momento, comemora: “a rua foi tomada… meu Deus, tomamos a rua”!

A via obstruída em questão é a avenida Raja Gabaglia, em frente ao Comando da 4ª Região Militar, em Belo Horizonte, há 550 metros do Hospital Madre Teresa, onde um grupo de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) protesta contra o resultado das eleições presidenciais. Eles exibem faixas e cartazes com palavras de ordem, usam apitos, cantam o hino nacional e gritam enrolados em bandeiras do Brasil, da monarquia brasileira e de Israel. Eles declaram ter ocorrido fraude nas eleições presidenciais e pedem intervenção militar para anulação do pleito.

A manifestação que dura seis dias ganhou, nesse sábado (5), ares de evento. Por motivos de segurança e em função do número de pessoas no local, a Polícia Militar (PM)bloqueou as duas pistas da avenida, desviando o fluxo de veículos para dentro do bairro Santa Lúcia.

Além do trio elétrico e da distribuição gratuita de lanches, há banheiros químicos, vendedores de pipoca, picolé, água, refrigerante, cerveja e um sem-fim de ambulantes que oferecem bandeiras, bonés, chapéus, bandanas e camisetas.

Christiano Silva dos Santos, de 30 anos, contou ter vendido somente no período manhã, 300 bandeiras a R$ 30. Sem falar nos outros itens como as camisetas da Seleção Brasileira, as bandanas, chapéus e até cachecóis. “Estou rindo à toa”, disse.

Outro ambulante, que preferiu não se identificar por não ser apoiador de Bolsonaro, também estava satisfeito: “Já vendi mais de 1000 itens hoje, incluindo umas 120 camisas da Seleção a RS 110 cada. Espero que esse protesto dure bastante. Embora eu seja a favor de Lula, para mim está rentável financeiramente”, admitiu.

Por motivos diferentes, o comerciante João Aparecido também quer o mesmo. “Não vamos sair daqui enquanto as eleições não forem anuladas. Não aceitamos o que está acontecendo no Brasil. Isso aqui é o grito de uma população que quer um país melhor, contra o TSE que não está seguindo nossa Constituição, queremos um Brasil soberano para todos”.

A professora Andréia Massena disse acreditar que não houve “isonomia nas eleições com a existência de provas robustas de fraude. Nada mais justo que o TSE se explique. Estamos pedindo ajuda às Forças Armadas, que é a última instância desse país”.

A jornalista aposentada, Marta Soares, de 61 anos, também defende que as eleições foram manipuladas. “E ninguém está fazendo nada. Eu não vou sair daqui enquanto alguém não fizer alguma coisa”, disse.

O gerente de obras, Cláudio Alexander, reconheceu haver muita especulação a respeito do processo eleitoral. “Porque a Direita está em silêncio? Porque nós estamos gritando aqui sozinhos? E nossos direitos, como ficam? Eu não quero viver num país comunista, eu não quero a ditadura de volta”, desabafou.

“Não há como se contestar”

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes teceu comentário nessa quinta-feira (3) sobre as eleições brasileiras. Em sessão, Moraes citou que o resultado das urnas que deram a vitória ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é democrático.

“Não há como se contestar um resultado democraticamente divulgado, com movimentos ilícitos, com movimentos antidemocráticos, com movimentos criminosos que serão combatidos, e os responsáveis pro esses movimentos antidemocráticos serão apurados e responsabilizados com base na lei”, disse referindo-se às manifestações que bloquearam rodovias brasileiras nos últimos dias.

Também em sessão, o ministro reforçou a segurança das urnas e a transparência do processo eleitoral no país. “O Tribunal de Contas afirma que não houve nenhuma divergência encontrada. Isso é muito importante para constatar, seja para observadores internacionais e nacionais quanto para o TCU, a total transparência com que o TSE atuou. Isso porque a Justiça Eleitoral tem absoluta certeza da confiabilidade das urnas eletrônicas, como novamente como foi demonstrada nessas eleições”, destacou.

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