A castração é uma das cirurgias mais comuns em cães e, mesmo sendo considerada simples e segura, exige cuidados no pós-operatório e atenção aos sinais que o animal apresenta nos dias seguintes.
Isso porque o procedimento pode não só contribuir para o controle populacional e prevenção de doenças, mas também influenciar o comportamento e o metabolismo do pet.
Segundo o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), a castração deve ser realizada com a devida avaliação clínica e respeitando critérios de bem-estar animal.
Após a cirurgia, é natural que o cão apresente alterações físicas e comportamentais, mas algumas reações indicam que algo pode estar errado e merecem atenção imediata dos tutores.
Um levantamento da Universidade de São Paulo (USP) indica que, quando realizada com acompanhamento adequado, a taxa de complicações pós-cirúrgicas em castrações é inferior a 5%.
Isso não significa que os tutores não devam ter atenção nas primeiras semanas após o procedimento.
Sinais esperados após a castração
Nas primeiras 24 a 72 horas, é normal que o animal apresente sonolência, perda de apetite leve, dificuldade para urinar ou defecar, além de algum incômodo ao se movimentar.
Esses sintomas geralmente são efeitos da anestesia e do trauma cirúrgico, e tendem a desaparecer com o tempo, conforme explica o Manual de Pós-Operatório da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Durante esse período, os tutores devem manter o animal em local limpo, tranquilo, com pouco estímulo e longe de escadas ou locais altos, para evitar esforços.
Na maioria dos casos, recomenda-se o uso de colar elisabetano para evitar que o cão lamba ou morda os pontos, o que pode causar infecções ou abertura da sutura.
Quando se preocupar
Alguns sinais, no entanto, podem indicar complicações pós-operatórias que exigem atendimento veterinário. Entre eles:
- Febre persistente, secreção ou odor forte no local da incisão;
- Vômito frequente, diarreia, apatia extrema ou recusa total de alimentos por mais de 24 horas;
- Dificuldade grave para urinar ou defecar, ou sinais de dor intensa quando o pet tenta fazer isso;
- Inchaço, vermelhidão excessiva ou sangramento na área operada.
De acordo com a médica-veterinária e professora da USP, Dra. Sylvia Angélico, “apesar de raros, casos de infecção de sutura ou complicações anestésicas podem ocorrer e precisam ser tratados rapidamente para evitar agravamentos”.
Cuidados básicos
Além do acompanhamento atento nas primeiras semanas, os tutores precisam manter a carteirinha de vacinação do pet em dia, garantir alimentação balanceada e atividades físicas moderadas para uma recuperação saudável. Tudo sob orientação veterinária.
É normal que cães castrados também passem a ter o metabolismo mais lento e maior propensão ao ganho de peso após a castração.
Um estudo publicado na revista científica Veterinary Record mostra que cães castrados têm cerca de 25% mais chances de desenvolver sobrepeso, principalmente se não houver ajuste na alimentação e rotina de exercícios.
A Associação Mundial de Veterinários de Pequenos Animais (WSAVA) orienta atenção a possíveis alterações de comportamento ou alimentação e que tutores consultem um profissional caso percebam mudanças a mais.