Recesso de fim de ano: tutores preferem hotelzinho, pet sitter ou levar bicho na viagem?

Decisão ideal exige análise do perfil do animal; cães são animais de matilha, gatos priorizam a estabilidade do ambiente

No caso de levar o pet para viajar, há a barreira sanitária e legal que não pode ser esquecida. Tanto hotéis quanto companhias aéreas exigem um protocolo de saúde rigoroso

Com a proximidade do recesso de fim de ano, há aumento nas buscas por serviços de hospedagem animal e destinos pet friendly. Mas o desejo do tutor de não se separar do animal muitas vezes não coincide com as necessidades biológicas da espécie. O que é interpretado como um ato de amor, como levar o cão para uma praia agitada ou mudar o gato de ambiente por dez dias, pode virar um gatilho de estresse agudo.

A decisão ideal exige que o tutor deixe de lado a culpa e analise o perfil do animal. A diferença fundamental está na espécie: cães são animais de matilha, que priorizam a companhia social; gatos são animais territoriais, que priorizam a estabilidade do ambiente.

O zootecnista e especialista em comportamento animal Alexandre Rossi, da Dr. Pet, diz que a decisão deve ser pautada no conforto do animal, não na saudade do dono.

“Muitas vezes, a gente quer levar o cachorro ou o gato para viajar porque nós vamos sentir falta, mas não necessariamente porque o animal vai aproveitar. Para um gato, por exemplo, sair de casa é extremamente estressante. Ele prefere ficar no ambiente dele, com as coisinhas dele, mesmo que sozinho a maior parte do tempo, do que ir para um lugar estranho”.

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Para os cães, a equação é mais complexa e depende da sociabilidade. Um cão sociável e com alta energia pode se beneficiar imensamente de um “hotelzinho” com recreação. Já para cães reativos, idosos ou muito apegados, o ambiente coletivo pode gerar imunossupressão por estresse.

Nesses casos, a figura do pet sitter, o cuidador profissional que vai até a casa do tutor, é uma alternativa sanitária e comportamental mais segura.

Mas antes de optar por esse serviço, verifique se o profissional tem experiência comprovada com o tipo e raça do seu animal. E peça referências a amigos, familiares ou a plataformas especializadas, como a DogHero.

Se possível, agende uma visita prévia para observar a interação entre o pet sitter e seu animal. É importante que haja uma boa “química” e que o pet se sinta confortável.

No caso de levar o pet para viajar, há a barreira sanitária e legal que não pode ser esquecida. Tanto hotéis quanto companhias aéreas exigem um protocolo de saúde rigoroso.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) possuem regras claras para o trânsito de animais, visando impedir a disseminação de zoonoses. Tentar burlar essas regras ou deixar para a última hora é garantia de ter o embarque negado ou a hospedagem recusada.

De acordo com a Anac, “o animal deverá estar acondicionado em caixa de transporte apropriada [...] e apresentar atestado de saúde emitido por médico veterinário, com validade de 10 dias. A carteira de vacinação deve comprovar a vacina antirrábica aplicada há mais de 30 dias e menos de um ano”.

Jessica de Almeida é repórter multimídia e colabora com reportagens para a Itatiaia. Tem experiência em reportagem, checagem de fatos, produção audiovisual e trabalhos publicados em veículos como o jornal O Globo e as rádios alemãs Deutschlandfunk Kultur e SWR. Foi bolsista do International Center for Journalists.

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