Elas têm pelagem única, com manchas que misturam tons de preto, laranja e branco em desenhos imprevisíveis.
Conhecidas como escaminhas ou tricolores, essas gatas despertam curiosidade nas pessoas, não só pelo visual, mas também por uma característica genética peculiar: quase todas são fêmeas.
O motivo está nos cromossomos sexuais, que determinam a distribuição das cores na pelagem.
De acordo com o Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), a cor dos gatos é definida por genes ligados ao cromossomo X.
Como as fêmeas possuem dois cromossomos X (XX), é possível que cada um carregue um gene de cor diferente, o que gera a mistura característica das escaminhas.
Já os machos, que possuem um único X e um Y (XY), não apresentam essa combinação, salvo em casos raríssimos de anomalias genéticas.
“A coloração tricolor ocorre quase exclusivamente em fêmeas. Machos escaminhas geralmente têm uma condição genética chamada síndrome de Klinefelter (XXY) e são estéreis”, explica a geneticista Angela Sante, em cartilha da Faculdade de Medicina Veterinária da USP.
A genética explica a raridade dos machos escaminhas
Estima-se que apenas um a cada três mil gatos tricolores seja macho e, mesmo quando isso acontece, esses animais costumam ser inférteis, já que possuem um cromossomo X extra.
Essa condição é análoga à síndrome de Klinefelter em humanos, e pode afetar também o desenvolvimento hormonal e comportamental dos felinos.
Mais do que um padrão estético, a pelagem tricolor revela um fenômeno genético natural e inusitado.
Isso porque as cores não dependem apenas dos genes herdados, mas da forma como eles são ativados durante o desenvolvimento embrionário, o que torna cada escaminha visualmente única.
“As manchas surgem porque, em cada célula, apenas um dos cromossomos X ativos expressa sua cor, formando um padrão aleatório que se espalha pela pelagem”, detalha o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH) em artigo sobre genética felina.
Pelagem colorida não define personalidade
É comum associar traços de personalidade à cor da pelagem dos gatos, mas não há comprovação científica de que escaminhas sejam mais ariscas, temperamentais ou independentes.
Pesquisas indicam que o comportamento está mais ligado à socialização, ambiente e experiências de vida do que à aparência física.
O American Veterinary Medical Association (AVMA) reforça que “a personalidade de um gato é moldada principalmente pelo contexto em que ele vive, incluindo estímulos, convívio com humanos e outros animais, e cuidados recebidos nos primeiros meses de vida”.
