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Confusão entre tipos de tartarugas pode levar a erros comuns na criação doméstica

Espécies terrestres e aquáticas têm necessidades distintas e exigem manejo responsável, sempre com atenção às regras do Ibama e aos cuidados veterinários

Num geral, répteis criados como pets precisam de iluminação adequada, temperatura controlada e alimentação correta

Elas são genericamente chamadas de tartarugas, mas nem todas vivem da mesma maneira. Há espécies aquáticas, que passam a maior parte do tempo na água, e espécies terrestres, que necessitam de ambientes secos e amplos.

Conhecer essa distinção é dever dos tutores para oferecerem o cuidado adequado a esses animais.

Entre as aquáticas mais comuns está a tartaruga-tigre-d’água, comumente encontrada em lojas licenciadas. Já no grupo terrestre, o jabuti-piranga é um dos mais conhecidos, podendo viver mais de 50 anos em cativeiro.

Essas diferenças fazem com que o acompanhamento veterinário seja indispensável, já que cada espécie tem demandas específicas de alimentação e ambiente.

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De acordo com o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), num geral répteis criados como pets precisam de iluminação adequada, temperatura controlada e alimentação correta.

“Esses animais exigem um ambiente que reproduza o mais próximo possível as condições naturais, sob risco de desenvolverem doenças graves”, alerta a instituição em seu guia de guarda responsável.

A confusão entre hábitos de cada tipo de tartaruga pode levar a erros comuns, como manter uma tartaruga aquática fora d’água por longos períodos ou oferecer ração de peixe para uma espécie terrestre.

Para evitar problemas, tutores devem observar as seguintes orientações:

  • Verifique se a espécie tem origem legalizada e documentação fornecida pelo Ibama;
  • Crie um ambiente adequado: aquário espaçoso com filtragem para aquáticas e viveiro seco e iluminado para terrestres;
  • Garanta acesso à luz solar direta ou a lâmpadas UVB, essenciais para a saúde óssea e do casco;
  • Ofereça dieta balanceada: vegetais frescos e frutas para terrestres; ração específica, peixes e verduras para aquáticas;
  • Consulte regularmente um veterinário especializado em animais silvestres para prevenção de doenças.

No Brasil, a criação de tartarugas exige atenção à legislação. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) reforça que apenas animais adquiridos de criadouros autorizados podem ser mantidos legalmente em residências.

Além disso, cada tutor deve manter a documentação em dia para evitar o tráfico e proteger a fauna nativa.

Responsabilidade de longo prazo

Escolher uma tartaruga como pet significa assumir um compromisso que pode durar décadas. Muitas espécies ultrapassam os 40 anos de vida, o que exige planejamento para garantir cuidados contínuos.

O Ibama alerta que o abandono de tartarugas não só compromete o bem-estar do animal como também ameaça ecossistemas naturais, já que espécies exóticas podem competir com as nativas.

Jessica de Almeida é repórter multimídia e colabora com reportagens para a Itatiaia. Tem experiência em reportagem, checagem de fatos, produção audiovisual e trabalhos publicados em veículos como o jornal O Globo e as rádios alemãs Deutschlandfunk Kultur e SWR. Foi bolsista do International Center for Journalists.