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Dia Internacional do Gato: esse tipo de atitude é essencial para a saúde física e emocional dos pets de apartamento

Felinos que vivem em espaços pequenos precisam de estímulos diários para evitar estresse, sedentarismo e comportamentos destrutivos

Incorporar esse hábito à rotina é uma das formas mais eficazes de promover bem-estar e longevidade para os felinos que compartilham a vida com seus tutores

Ao contrário do que ainda se pensa, gatos não são independentes a ponto de dispensar interações ou estímulos.

Para felinos que vivem exclusivamente dentro de casa, como ocorre em grande parte dos apartamentos urbanos, a ausência de brincadeiras e desafios diários pode gerar tédio, ansiedade e até doenças associadas ao estresse e ao sedentarismo.

Por isso, garantir momentos de diversão e enriquecimento ambiental não é um luxo, mas uma necessidade básica para o bem-estar desses animais.

De acordo com a médica-veterinária e etóloga Daniela Ramos, professora da Faculdade de Medicina Veterinária da USP, “a brincadeira é uma das formas mais importantes de promover o gasto de energia, a saúde mental e a expressão de comportamentos naturais, como caça e perseguição. Mesmo em um espaço limitado, é possível e necessário oferecer isso todos os dias”.

Segundo um relatório publicado pelo International Cat Care, ONG britânica dedicada à saúde felina, ambientes sem estímulos estão entre os principais fatores de risco para problemas comportamentais, como agressividade, apatia e lambedura excessiva.

Além disso, a obesidade felina está diretamente ligada à falta de movimento, o que também pode ser combatido com sessões diárias de brincadeira.

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Enriquecimento ambiental evita o tédio e fortalece vínculos

O chamado enriquecimento ambiental pode incluir brinquedos, prateleiras para escalada, esconderijos, arranhadores e até janelas teladas que permitam a observação do ambiente externo.

Mas nenhum desses recursos substitui o momento de interação direta com o tutor, fundamental para fortalecer a confiança e oferecer à rotina do gato uma dose de novidade e imprevisibilidade.

“Mesmo os gatos mais tranquilos precisam de estímulo. Cinco a dez minutos de brincadeira ativa por dia já fazem uma enorme diferença no comportamento e na saúde do animal”, explica Marcela Correa, veterinária especializada em felinos e fundadora da CatVet, clínica exclusiva para gatos em São Paulo (SP).

Marcela lembra que o ideal é simular o comportamento de caça com varinhas com penas, bolinhas que se movem sozinhas ou brinquedos que despertem o instinto predatório.

Após a ‘caçada’, oferecer petiscos ou ração funciona como a recompensa do esforço, reforçando positivamente a experiência.

Brincar é prevenção e cuidado com o bem-estar

Além de reduzir o estresse e melhorar a qualidade de vida dos gatos, o hábito de brincar diariamente permite que tutores observem sinais de dor, cansaço ou alterações de comportamento que poderiam passar despercebidas.

A interação constante também ajuda o felino a se tornar mais sociável e receptivo em visitas ao veterinário ou na presença de visitas em casa.

Veja algumas dicas práticas para enriquecer o ambiente e garantir estímulos diários:

  • Reserve 10 minutos por dia para brincar ativamente com o gato;
  • Varie os brinquedos e locais da brincadeira para manter o interesse;
  • Estimule a caça com brinquedos que imitam movimentos de presas;
  • Ofereça alturas, esconderijos e caixas para o gato explorar;
  • Crie “circuitos” com prateleiras ou passagens suspensas;
  • Use petiscos ou ração escondida para estimular o olfato e a busca;
  • Deixe janelas seguras com vista para a rua ou natureza.

Segundo a ONG britânica PDSA (People’s Dispensary for Sick Animals), “os gatos precisam de atividades para manter o corpo e a mente ativos. Sem isso, podem desenvolver comportamentos indesejados ou problemas de saúde evitáveis”.

Isso se aplica especialmente aos felinos urbanos, que vivem sem acesso à rua e dependem exclusivamente do ambiente doméstico para se manterem equilibrados

Jessica de Almeida é repórter multimídia e colabora com reportagens para a Itatiaia. Tem experiência em reportagem, checagem de fatos, produção audiovisual e trabalhos publicados em veículos como o jornal O Globo e as rádios alemãs Deutschlandfunk Kultur e SWR. Foi bolsista do International Center for Journalists.