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Criar aquários plantados favorece a saúde dos peixes e equilibra o ecossistema doméstico

Com vegetação natural, aquários ganham beleza, estabilidade biológica e promovem o bem-estar dos peixes

Para espécies tímidas ou territorialistas, por exemplo, a vegetação é um fator de conforto e segurança

Montar um aquário vai além de estética, pois envolve uma série de cuidados com a qualidade da água, a compatibilidade entre espécies e o equilíbrio ecológico do sistema.

Nesse contexto, os chamados aquários plantados, que utilizam plantas vivas em vez de itens puramente decorativos, ganham cada vez mais destaque por aliar beleza natural à melhora da saúde e do comportamento dos peixes.

A presença de plantas aquáticas contribui para o controle de nutrientes, ajuda a manter a qualidade da água e oferece esconderijos e zonas de descanso para os animais.

Segundo o biólogo e aquapaisagista Carlos Eduardo Dantas, do canal Aquarismo Fácil, “as plantas vivas atuam como filtros naturais. Elas absorvem amônia, nitratos e outros resíduos tóxicos, o que reduz a carga de trabalho dos filtros mecânicos e melhora a estabilidade do aquário”.

Além de contribuírem com o ciclo do nitrogênio, as plantas também liberam oxigênio durante o dia, promovem sombra e criam micro-habitats dentro do aquário, o que permite comportamentos mais naturais por parte dos peixes.

Para espécies tímidas ou territorialistas, por exemplo, a vegetação é um fator de conforto e segurança.

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Estímulo natural e prevenção de doenças

Ambientes plantados não apenas beneficiam os peixes fisicamente, mas também mentalmente, sabia?

Estudos como o publicado no Journal of Fish Biology, publicada pela Fisheries Society of the British Isles (FSBI), mostram que a complexidade do ambiente influencia o comportamento e a redução de estresse em peixes ornamentais.

Em tanques com vegetação natural, os animais tendem a explorar mais, a apresentar coloração mais viva e a desenvolver menos comportamentos repetitivos ou agressivos.

A veterinária Karina Mello, especializada em animais aquáticos e consultora da Sociedade Brasileira de Aquarismo (SBAq), reforça que “plantas vivas tornam o ambiente mais interessante para os peixes e funcionam como enriquecimento ambiental. Isso diminui o estresse, um dos principais fatores que enfraquecem o sistema imunológico dos peixes e facilitam doenças”.

Outro ponto relevante é que, em aquários plantados, há menor risco de picos de amônia e nitrito, substâncias altamente tóxicas.

A vegetação, ao competir com algas por nutrientes, também contribui para o controle do crescimento indesejado de algas no vidro e nos substratos.

Dicas para iniciar um aquário plantado com segurança

Embora o aquário plantado demande alguns cuidados específicos, como iluminação adequada, substrato fértil e, em alguns casos, suplementação com CO₂, há espécies de plantas de baixa exigência que facilitam a montagem mesmo para iniciantes.

Veja algumas recomendações práticas para quem quer começar:

  • Escolha plantas resistentes como anubias, mossas, echinodorus e vallisnerias;
  • Use um substrato nutritivo ou adicione fertilizantes próprios para plantas aquáticas;
  • Invista em uma iluminação adequada (LEDs próprios para aquarismo são ideais);
  • Avalie a compatibilidade entre as plantas e os peixes escolhidos;
  • Monitore os parâmetros da água com frequência (pH, amônia, nitrito e nitrato);
  • Faça podas regulares para evitar supercrescimento e manter a circulação da água;
  • Caso deseje espécies mais exigentes, considere a instalação de um sistema de CO₂.

Mais do que um recurso estético, o aquário plantado representa um avanço no cuidado com os peixes ornamentais.

“Trata-se de replicar, dentro de casa, elementos fundamentais do ambiente natural. Isso se reflete diretamente na saúde dos animais e na longevidade do sistema”, resume Dantas.

Jessica de Almeida é repórter multimídia e colabora com reportagens para a Itatiaia. Tem experiência em reportagem, checagem de fatos, produção audiovisual e trabalhos publicados em veículos como o jornal O Globo e as rádios alemãs Deutschlandfunk Kultur e SWR. Foi bolsista do International Center for Journalists.