Um dado curioso: cerca de 16% dos cães são considerados “comedores recorrentes de fezes”, e até 24% já apresentaram esse comportamento ao menos uma vez na vida, aponta a organização American Kennel Club.
A prática, que geralmente causa repulsa em humanos, precisa ser avaliada por um médico veterinário se for frequente e persistente, mesmo após tentativas de correção com mudanças no ambiente e treinamento.
Muitos tutores demoram para identificar o comportamento, por vergonha ou por acharem que é apenas uma “mania”, sem compreender que em certos casos ele pode ser um sinal de alerta.
O ideal é observar se o hábito surge repentinamente, se está acompanhado de outros sintomas, como perda de peso, apatia ou diarreia, ou se acontece de forma recorrente.
Por que os cães fazem isso
Muitos cães comem fezes por tédio, especialmente quando ficam sozinhos por longos períodos ou sem estímulo.
Outros fazem isso como forma de chamar atenção, percebendo que o ato gera reação dos tutores.
Há também casos ligados a deficiências nutricionais, má digestão, doenças pancreáticas, verminoses ou distúrbios endócrinos como o hipotireoidismo.
Segundo o artigo Ingestive Behavior Problems of Dogs and Cats (Problemas de comportamento alimentar de cães e gatos, em português), publicado na plataforma científica Veterinary Clinics of North America, problemas como insuficiência pancreática exócrina estão diretamente associados à coprofagia, pois dificultam a absorção adequada de nutrientes.
Se o comportamento estiver ligado à ingestão de fezes de gatos, cavalos, coelhos ou outros animais, é sinal de que ali há resíduos de proteínas ou rações mais atrativas ao olfato canino, explica o artigo.
Como prevenir o comportamento
A ingestão de fezes pode causar infecções por bactérias, e transmissão de parasitas como giárdia, tênias e lombrigas.
Isso, é claro, compromete o bem-estar do cão e pode aumentar o risco de contaminação no ambiente doméstico.
Outro problema é que a coprofagia interfere em exames de fezes, dificultando diagnósticos veterinários.
Felizmente, há formas eficazes de lidar com o problema. Especialistas recomendam:
- Evitar o acesso às fezes, recolhendo imediatamente os dejetos;
- Usar guia nos passeios e evitar áreas com fezes de outros animais;
- Ensinar ou reforçar comandos como “deixa”, e recompensar o bom comportamento;
- Oferecer estímulo físico e mental, com brinquedos e enriquecimento ambiental;
- Investigar causas clínicas, com exames e dieta balanceada indicados por veterinário.
Segundo o portal PetMD, aditivos que prometem tornar as fezes “repulsivas” para os cães raramente funcionam: “a maioria dos suplementos comerciais tem eficácia muito limitada”, aponta a plataforma em artigo.
Punições severas também não são recomendadas, pois geram medo nos pets e podem agravar o comportamento deles.