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Meu cachorro está lambendo feridas; entenda comportamento e saiba como agir

Apesar de saliva canina ter enzimas com ação bactericida, ela não é suficiente para garantir uma cicatrização segura

Tutores de cachorros com certeza já se preocuparam ao vê-los lambendo feridas. Esse comportamento é frequentemente interpretado como um gesto de carinho ou uma tentativa de “limpar” o machucado, mas ele está mais relacionado a instintos naturais de proteção e alívio do desconforto.

Na natureza, a lambedura pode até ter um papel na remoção de sujeiras, mas em ambientes domésticos, ela funciona mais como uma resposta ao desconforto causado pelo machucado e tende a trazer mais riscos do que benefícios.

Segundo a médica-veterinária Corrine Fraga, “essa atitude pode levar à contaminação local e até aumento da lesão”, por conta das bactérias contidas na saliva canina e que podem infeccionar o ferimento e agravar o quadro clínico.

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Existem pesquisas sobre a saliva canina, como a publicada no Journal of Medical Microbiology em 2019, que analisou bactérias presentes na saliva de cães e mostrou que, embora haja enzimas com propriedades antimicrobianas, como a lisozima, o risco de infecção é maior que qualquer potencial benefício na cicatrização.

Por isso, os tutores precisam saber como agir para impedir que o animal lamba suas próprias feridas ou as de outros.

Riscos associados à lambedura

Permitir que o cão lamba feridas pode resultar em complicações, como:

  • Infecções bacterianas devido à introdução de microrganismos presentes na saliva;
  • Atraso na cicatrização por remoção constante do tecido em regeneração;
  • Abertura de pontos em casos de cirurgias recentes (leia mais abaixo);
  • Desenvolvimento de dermatite por lambedura, uma inflamação causada pela lambedura excessiva (leia mais abaixo).

A médica-veterinária Karen Brawerman, na plataforma Vida de Bicho, recomenda o uso de colares elizabetanos, curativos especiais ou roupas cirúrgicas para evitar que o cão tenha acesso à ferida.

Além disso, é fundamental garantir que o ambiente do animal seja tranquilo e confortável para reduzir o estresse que pode levar à lambedura compulsiva.

Como mencionado acima, há riscos de o cão abrir pontos cirúrgicos ou desenvolver dermatite por lambedura.

Nesses casos, a recomendação é buscar atendimento veterinário imediato. O profissional é quem indicará adequadamente o uso de colares elizabetanos ou roupas cirúrgicas para impedir o acesso à área lesionada.

O especialista também poderá prescrever como fazer a limpeza adequada, os antibióticos ou anti-inflamatórios para controlar infecções e inflamações secundárias.

Jessica de Almeida é repórter multimídia e colabora com reportagens para a Itatiaia. Tem experiência em reportagem, checagem de fatos, produção audiovisual e trabalhos publicados em veículos como o jornal O Globo e as rádios alemãs Deutschlandfunk Kultur e SWR. Foi bolsista do International Center for Journalists.
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