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Guarda compartilhada de pets avança na Justiça e Congresso, mas ainda não há lei específica

Enquanto legislação específica não é aprovada, Judiciário tenta equilibrar os direitos dos tutores e o bem-estar dos animais

Ações discutem a guarda compartilhada de cães e gatos e decisões judiciais têm considerado o bem-estar do animal e os vínculos afetivos criados

Com o fim de um relacionamento, pode ser que surja a pergunta: com quem ficará o animal de estimação?

Nos tribunais brasileiros, ações discutem a guarda compartilhada de cães e gatos, enquanto decisões judiciais têm considerado o bem-estar do animal e os vínculos afetivos estabelecidos com os tutores.

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) já reconheceu que “a condição jurídica de bens móveis já não basta para resolver certas discussões” e destacou a necessidade de uma abordagem que leve em conta a natureza especial dos pets.

Em casos de separação, juízes têm determinado a guarda compartilhada, estabelecendo períodos de convivência e divisão de despesas relacionadas ao pet. A Vara de Família é a considerada competente para decidir sobre essas questões.

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PLs para regulamentar a guarda de pets

No Congresso Nacional, tramitam propostas que visam regulamentar a guarda compartilhada de animais de estimação.

O Projeto de Lei 941/24, aprovado pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados, estabelece que, em caso de separação, a guarda e as despesas com o animal devem ser compartilhadas de forma equilibrada, conforme decisão judicial.

Outra proposta, o Projeto de Lei 179/2023, reconhece a família multiespécie e prevê que, em caso de separação, deve ser acordado ou decidido sobre a guarda, unilateral ou compartilhada, dos animais de estimação, além de eventual direito de visitas e de pensão alimentícia específica para a manutenção das necessidades do animal.

Cuidados básicos na guarda compartilhada de cães e gatos

Para garantir o bem-estar do animal durante a guarda compartilhada, especialistas como o médico-veterinário Samuel Teófilo recomendam:

  • Manter a rotina do pet, de forma que alimentação, passeios e horários sejam consistentes em ambas as residências;
  • Usar os mesmos acessórios, como caminhas e brinquedos, para ajudar na adaptação do animal;
  • Frequentar um único veterinário para diminuir o estresse no acompanhamento da saúde do pet;
  • Evitar que o pet fique longos períodos sozinho. Para lidar com o estresse do vaivém entre as casas dos tutores, o animal deve receber atenção e estímulos adequados.

Ainda de acordo com Teófilo, “a ausência repentina de um membro da família pode causar estresse, ansiedade, tristeza ou solidão”, principalmente nos cães e por isso exige uma observação de sinais como mudanças de comportamento e apetite.

Jessica de Almeida é repórter multimídia e colabora com reportagens para a Itatiaia. Tem experiência em reportagem, checagem de fatos, produção audiovisual e trabalhos publicados em veículos como o jornal O Globo e as rádios alemãs Deutschlandfunk Kultur e SWR. Foi bolsista do International Center for Journalists.