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Harmonia no aquário: como escolher espécies compatíveis para conviver em paz

Com informação e planejamento, é possível criar um ecossistema doméstico saudável e harmonioso

A superlotação de aquários pode agravar disputas territoriais e provocar surtos de doenças infecciosas

Montar um aquário comunitário pode parecer simples, mas exige planejamento criterioso. A convivência de diferentes espécies de peixes em um mesmo espaço requer cuidados que vão além da estética.

Características como comportamento, necessidades ambientais e alimentação devem ser levadas em conta para evitar conflitos e garantir o bem-estar de todos os habitantes do aquário.

Segundo o guia da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), o bem-estar de animais mantidos sob cuidados humanos, como os peixes ornamentais, depende do fornecimento de ambiente adequado às necessidades fisiológicas e comportamentais.

Ignorar isso pode resultar em estresse, doenças e até morte.

Peixes com comportamento territorial, como ciclídeos, muitas vezes não toleram a presença de espécies mais pacíficas, como neons ou guppies.

Além disso, a compatibilidade química da água, incluindo pH, dureza e temperatura, é fundamental.

“Não basta colocar peixes bonitos juntos. É essencial estudar as exigências de cada espécie e buscar aquelas que compartilham parâmetros semelhantes”, alerta a cartilha Aquários Saudáveis, publicada pelo Ministério do Meio Ambiente.

Além da química da água, também é preciso considerar o espaço físico.

De acordo com o Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo (CRMV-SP), a superlotação de aquários pode agravar disputas territoriais e provocar surtos de doenças infecciosas.

Como escolher os peixes certos

Ao montar um aquário comunitário, algumas regras básicas ajudam a promover um ambiente equilibrado e saudável:

  • Escolha espécies com níveis de atividade e comportamento semelhantes;
  • Respeite a compatibilidade química e térmica da água;
  • Evite misturar peixes agressivos com espécies dóceis ou de natação lenta;
  • Priorize grupos de espécies sociais, como tetras e corydoras;
  • Informe-se com especialistas antes de introduzir novas espécies.

A manutenção de um aquário saudável vai além da escolha inicial dos peixes. É fundamental manter a qualidade da água com trocas parciais regulares, testes de parâmetros e limpeza cuidadosa, sempre sem remover totalmente a colônia de bactérias benéficas.

O veterinário especializado em animais aquáticos, Thiago Silva, em entrevista publicada no portal da Sociedade Brasileira de Aquarismo (SBA), reforça que “a saúde dos peixes começa na água. Sem controle adequado de amônia, nitrito e pH, mesmo espécies compatíveis adoecem”.

Para o International Union for Conservation of Nature (IUCN), práticas de aquarismo responsável incluem não apenas o cuidado com o ambiente, mas também a escolha consciente de espécies que não estão em risco de extinção ou que foram capturadas de forma insustentável na natureza.

Assim, ao montar um aquário comunitário, o aquarista deve ir além da estética e considerar o respeito ao comportamento natural e às necessidades dos peixes.

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Jessica de Almeida é repórter multimídia e colabora com reportagens para a Itatiaia. Tem experiência em reportagem, checagem de fatos, produção audiovisual e trabalhos publicados em veículos como o jornal O Globo e as rádios alemãs Deutschlandfunk Kultur e SWR. Foi bolsista do International Center for Journalists.