Veterinários e especialistas em comportamento animal alertam os perigos do asfalto quente, aos quais os pets estão muito mais propícios de serem vítimas em dias quentes como os vistos em Belo Horizonte (MG) nos últimos dias.
Por mais que o verão seja a estação mais convidativa para atividades ao ar livre, um dia aparentemente agradável pode resultar em “danos térmicos” para os cães.
A física explica o perigo: materiais que compõem o asfalto, por exemplo, têm alta capacidade de absorção e retenção de calor. Estudos de conforto térmico indicam que, em um dia em que os termômetros marcam 30°C, a superfície asfáltica exposta ao sol direto pode ultrapassar os 60°C.
Para cães de pequeno porte, como Yorkshires, Dachshunds e Shih Tzus, o risco é duplicado. Como eles são baixinhos, devido à baixa estatura, os órgãos vitais desses animais ficam perigosamente próximos ao solo, recebendo não apenas o calor por contato, mas também a irradiação térmica que sobe do chão.
O colapso do sistema de refrigeração canino
O maior erro dos tutores é acreditar que o único risco é a lesão dermatológica nos coxins (as “almofadinhas” das patas). Segundo diretrizes publicadas pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo (CRMV-SP) em suas campanhas de verão, o perigo sistêmico é a intermação (ou hipertermia).
Isso ocorre porque cães e gatos possuem um mecanismo de termorregulação menos eficiente que o humano. Eles não transpiram por todo o corpo. A troca de calor ocorre majoritariamente pela respiração (arfagem) e, crucialmente, pelos coxins.
O documento explica que quando um cão caminha sobre uma superfície escaldante, ele perde uma de suas principais vias de resfriamento. O corpo aquece de fora para dentro, podendo levar a convulsões e óbito se a temperatura interna ultrapassar os 41°C.
O médico veterinário Mário Marcondes reforça que raças braquicefálicas (de focinho curto, como Pugs e Buldogues) exigem tolerância zero ao calor. “Esses animais já possuem uma dificuldade anatômica para respirar e trocar calor. O passeio em horários errados pode ser fatal em questão de minutos”.
Para evitar acidentes, a recomendação unânime entre adestradores e veterinários é a aplicação de um teste tátil simples antes de sair de casa. Conhecida popularmente como a “Regra dos 7 segundos”, a técnica consiste em colocar o dorso da mão (região mais sensível que a palma) em contato direto com o asfalto. Se o tutor não suportar o contato por sete segundos contínuos, o solo é considerado impróprio para a pata do animal.
Além do teste manual, a Itatiaia listou algumas dicas de segurança para os períodos quentes:
- Restrinja os passeios ao período anterior às 9h da manhã ou após às 18h, quando o solo já dissipou o calor acumulado.
- Leve água fresca e ofereça ao animal diversas vezes durante o trajeto, mesmo que ele não peça.
- Dê preferência a trajetos com grama ou terra, que absorvem menos calor que o concreto.
- Se o cão apresentar respiração muito ruidosa, salivação excessiva (babando muito) ou língua com coloração arroxeada, interrompa o passeio imediatamente.