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Saiba como funciona uma ONG de adoção de animais

Instituições sobrevivem de doações e parcerias com clínicas; antes da adoção, pets são vermifugados, vacinados e, se possível, castrados

Cachorrinho caramelo

No Brasil, milhões de cães e gatos vivem em situação de abandono. Diante disso, organizações não governamentais (ONGs) têm papel fundamental no resgate, cuidado e encaminhamento desses animais para adoção responsável. Elas atuam como ponte entre o sofrimento nas ruas e a possibilidade de uma nova vida.

A maioria sobrevive graças a doações e parcerias com clínicas veterinárias. Antes da adoção, cães e gatos são vermifugados, vacinados e, sempre que possível, castrados.

Segundo a World Animal Protection, “mais de 30 milhões de animais vivem em situação de rua no Brasil, sendo que cerca de 10 milhões são gatos”. Esse número revela o tamanho do desafio enfrentado diariamente pelas ONGs.

ONGs como a Ampara Animal, Patas Dadas e Segunda Chance, por exemplo, resgatam animais feridos, vítimas de maus-tratos ou abandono.

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Adoção responsável vai além da boa intenção

A AMPARA Animal alerta que a adoção precisa ser consciente: “Um animal vive, em média, de 12 a 15 anos. Antes de adotar, é fundamental refletir sobre tempo, espaço, recursos financeiros e disponibilidade emocional para cuidar dele durante toda a vida”.

De acordo com o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), a adoção responsável “engloba cuidados com a saúde física e emocional do animal, alimentação adequada, vacinação, e prevenção de doenças e maus-tratos”.

Por isso, as ONGs costumam aplicar questionários, visitas e entrevistas para garantir que os adotantes estejam preparados.

Entre os principais critérios adotados pelas ONGs antes da adoção, estão: ser maior de 18 anos, apresentar documento com foto e comprovante de residência, passar por entrevista e/ou visita técnica, comprometimento do tutor com o procedimento da castração (se ainda não realizada) e assinar um termo de responsabilidade.

Essas exigências buscam evitar devoluções ou novos abandonos, prática ainda comum e cruel. Segundo a ONG Segunda Chance, cerca de 20% das adoções podem resultar em devolução se não houver triagem adequada e preparo do adotante.

Como ajudar mesmo sem adotar

Além da adoção, há muitas formas de apoiar uma ONG. A doação de ração, medicamentos, produtos de limpeza, cobertores e recursos financeiros é essencial para manter o funcionamento. O voluntariado, presencial ou remoto, também faz diferença.

A WAP (World Animal Protection) afirma que “políticas públicas são fundamentais para reduzir o número de animais abandonados, mas a sociedade civil também tem papel

Como identificar uma ONG de adoção confiável

Nem toda iniciativa de resgate e adoção é formal ou ética. Antes de apoiar ou adotar, verifique se a organização cumpre critérios básicos de transparência e responsabilidade. Algumas dicas:

  • Cheque a presença legal: veja se a ONG possui CNPJ e registros atualizados;
  • Avalie a transparência: ONGs sérias prestam contas públicas, têm site ou redes sociais atualizadas e mostram onde aplicam as doações;
  • Observe os cuidados com os animais: abrigos responsáveis garantem castração, vacinação e acompanhamento veterinário;
  • Desconfie de urgência excessiva ou promessas vagas: pressões para doações sem contrapartida ou sem detalhamento de uso são sinais de alerta;
  • Busque avaliações e relatos de adotantes anteriores: depoimentos ajudam a entender como a ONG atua no pós-adoção.
Jessica de Almeida é repórter multimídia e colabora com reportagens para a Itatiaia. Tem experiência em reportagem, checagem de fatos, produção audiovisual e trabalhos publicados em veículos como o jornal O Globo e as rádios alemãs Deutschlandfunk Kultur e SWR. Foi bolsista do International Center for Journalists.