Gatos são territorialistas por natureza e sentem profundamente qualquer mudança de ambiente.
É por isso que mudar de uma casa para outra pode representar um momento de estresse e insegurança, o que exige dos tutores uma preparação cuidadosa.
O veterinário e especialista em comportamento animal, Hélio Junqueira, reforça em artigo para a Revista Brasileira de Medicina Veterinária que “a transição de espaço deve ser feita de forma gradual, respeitando os limites do animal e oferecendo pontos de referência seguros”.
Para ajudar o gato a se acostumar com a nova casa, é importante criar um ambiente que lhe transmita segurança e previsibilidade. Veja algumas ações:
- Prepare um cômodo seguro: ao chegar na casa nova, reserve um ambiente tranquilo com caixa de areia, água, ração, arranhador e esconderijos. Isso ajuda o gato a se sentir protegido e reduz o impacto do novo território;
- Mantenha objetos familiares: camas, cobertores e brinquedos do local anterior ajudam a trazer conforto por meio de cheiros conhecidos;
- Evite contato excessivo no início: dê tempo ao gato para explorar o espaço por conta própria. Forçar interação pode aumentar a ansiedade dele;
- Apresente os cômodos para o gato aos poucos: após o gato se mostrar confortável no primeiro espaço, libere gradualmente o acesso aos outros ambientes da casa nova;
- Feromônios sintéticos: produtos como difusores de feromônio podem auxiliar na redução do estresse nos primeiros dias.
A Associação Americana dos Médicos Veterinários de Felinos (AAFP) menciona, em seu guia sobre manejo do estresse felino, que “a utilização de feromônios pode ajudar a reduzir comportamentos relacionados à ansiedade em gatos em ambientes novos”. - Rotina é fundamental: horários regulares para alimentação e brincadeiras ajudam a reestabelecer a sensação de familiaridade e segurança do animal.
A University of Illinois College of Veterinary Medicine alerta que “os gatos, embora muitas vezes considerados independentes, são extremamente sensíveis a mudanças no comportamento de seus cuidadores”.
A rotina do tutor também influencia, pois os gatos percebem alterações no comportamento humano. Tutores devem, então, manter a calma, falar suavemente e evitar mudanças bruscas nas rotinas de atenção.
Nos casos em que há mais de um gato na casa, ou quando se adota um novo animal junto à mudança, os cuidados devem ser redobrados. A presença de cheiros desconhecidos e a disputa por território podem acirrar conflitos.
A Cats Protection, do Reino Unido, recomenda utilizar cobertores ou brinquedos com o cheiro dos gatos antigos para facilitar a ambientação e reduzir o estranhamento entre os felinos.
Atenção ao comportamento
Se o gato apresentar sintomas persistentes, recomenda a AAFP, o ideal é consultar um veterinário, pois o estresse pode agravar doenças já existentes.
Animais mais velhos ou com histórico de trauma são ainda mais vulneráveis, e por isso o tutor deve observar atentamente e buscar ajuda profissional se notar sinais preocupantes.
A paciência dos tutores é indispensável. Em situações mais severas, quando o gato apresenta sinais de estresse persistente (como falta de apetite por mais de 48 horas, vocalização constante ou automutilação), é indicado buscar, com urgência, a orientação de um médico-veterinário especializado em comportamento animal.
Essa transição pode ser desafiadora, mas com planejamento, compreensão e cuidados adequados, a adaptação pode ocorrer de maneira tranquila, com bem-estar e vínculo com os tutores.