Após as denúncias apresentadas por comerciantes e lideranças locais durante a audiência pública realizada na quinta-feira, 2 de outubro, na Câmara Municipal de Barra Longa, a Samarco se manifestou sobre as queixas relacionadas à falta de pagamento a prestadores de serviços e à ausência de contratações locais nas ações de reparação conduzidas pela Fundação Renova no município de Barra Longa.
A audiência reuniu vereadores, ex-prefeitos e representantes da comunidade, que relataram prejuízos acumulados ao longo de quase 11 anos desde o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana. Muitos comerciantes afirmam ter prestado serviços a empresas contratadas pela Renova e nunca receberam pelos trabalhos executados.
Procuradas pela reportagem, Vale e BHP, que compõem o quadro societário da Samarco, informaram que o posicionamento sobre o tema caberia exclusivamente à Samarco, responsável pelas ações de reparação na região.
Em nota, a mineradora reconheceu a relevância das preocupações apresentadas pelos comerciantes e prestadores de serviço de Barra Longa. No entanto, destacou que os contratos mencionados dizem respeito a acordos firmados entre empresas privadas, regidos por suas próprias responsabilidades.
“A Samarco reconhece a relevância das preocupações apresentadas por comerciantes e prestadores de serviços de Barra Longa. No que se refere a contratos firmados entre empresas privadas, estes são regidos por responsabilidades próprias, cabendo exclusivamente às partes que realizaram o acordo comercial a condução de seus compromissos. Ainda assim, a Samarco mantém-se disponível para dialogar e apoiar as lideranças locais, sempre dentro dos limites de suas atribuições legais, reafirmando o compromisso da empresa com o desenvolvimento e a reparação da região.”
Durante a audiência, vereadores e lideranças reforçaram que o empresariado local continua enfrentando dificuldades financeiras e falta de reconhecimento. O ex-prefeito de Mariana, Duarte Júnior, destacou que a situação em Barra Longa repete o que já ocorreu em Mariana, e cobrou mais transparência da Fundação Renova e das mineradoras envolvidas.
Já o vice-presidente da Câmara, vereador Adilson Macaia (Avante), afirmou que a população de Barra Longa segue sem ver o retorno das promessas de reparação feitas após a tragédia.
“A lama entrou nas nossas casas, nas nossas ruas, e ainda assim os direitos da população não são reconhecidos. Precisamos lutar para que Barra Longa receba o que é de direito dela”, disse o parlamentar.
A Câmara Municipal informou que pretende encaminhar as denúncias e documentos apresentados à Assembleia Legislativa de Minas Gerais e ao Ministério Público, pedindo novas apurações e a realização de uma audiência estadual sobre o caso.