O bairro Antônio Dias, em Ouro Preto, recebe nesta sexta-feira (15), às 19h, no Largo Marília de Dirceu, em frente ao Clube XV de Novembro, a edição desta semana do Samba do Marília. A roda de samba desta edição será dedicada a Arlindo Cruz, cantor, compositor e multi-instrumentista que morreu em 8 de agosto, aos 66 anos, por falência múltipla dos órgãos decorrente de complicações de saúde. O evento, aberto ao público, aceitará contribuição voluntária dos participantes.
Arlindo Cruz nasceu em 1958 no subúrbio do Rio de Janeiro e iniciou sua trajetória musical ainda criança, com o cavaquinho e participação em rodas de samba do Cacique de Ramos ao lado de mestres como Candeia, Jorge Aragão e Almir Guineto. Ganhou destaque ao integrar o grupo Fundo de Quintal por 12 anos, contribuindo para consolidar o som que viria a ser reconhecido como pagode moderno. Em carreira solo, lançou diversos álbuns e compôs clássicos como “O Show Tem que Continuar”, “Meu Lugar” e “Bagaço da Laranja”.
Autor de mais de 500 composições gravadas por outros artistas, participou ativamente do Carnaval carioca, com sambas-enredo para escolas como Império Serrano, Grande Rio, Vila Isabel e Leão de Nova Iguaçu. Sua obra refletia vivências das comunidades populares, exaltando temas como amor, fé, religiosidade e identidade negra. A relevância de seu legado motivou homenagens de artistas, personalidades e instituições como o presidente Lula e o governador do Rio, que lamentaram a perda e destacaram a importância cultural de suas composições.
O Samba do Marília — que acontece semanalmente sem roteiro ou ensaios pré-definidos, reunindo músicos e moradores no Centro Histórico — deverá contar com repertório inspirado na trajetória de Arlindo Cruz. A homenagem se aproxima do espírito espontâneo e comunitário que ele tanto valorizava.