Pesquisadores da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) desenvolveram uma tecnologia que usa restos de comida para produzir gás de cozinha. A técnica usa um equipamento chamado biodigestor, que transforma cascas, sobras e outros resíduos orgânicos em biogás. Esse gás pode ser usado no fogão, no lugar do gás de botijão (GLP).
O sistema também gera um líquido que pode ser usado como adubo. A ideia é reduzir o lixo que vai para os aterros e diminuir o uso de combustíveis fósseis, que poluem mais o meio ambiente.
A tecnologia foi aplicada em uma escola pública de Ouro Preto e chamou a atenção do Governo Federal, que quer levar o projeto para cozinhas comunitárias em várias partes do país, por meio do programa Cozinha Solidária.
O Cozinha Solidária é uma iniciativa do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social que oferece refeições gratuitas a pessoas em situação de vulnerabilidade social. A tecnologia da UFOP vai contribuir para essa iniciativa ao fornecer uma fonte de energia limpa e econômica para essas cozinhas, reduzindo o consumo de gás comum e o impacto ambiental.
A primeira instalação será em Ananindeua, no Pará, como parte das ações preparatórias para a COP30.
Além de ajudar o meio ambiente, o sistema pode reduzir gastos com gás em escolas e cozinhas que servem comida para pessoas em situação de vulnerabilidade social.
O projeto recebeu apoio financeiro da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), com R$ 4,5 milhões para transformar a pesquisa da universidade em uma solução prática, usada fora do laboratório.
O professor Bruno Eduardo Lobo Baeta, fundador da CSTR – Centro Sustentável de Tratamento de Resíduos, empresa criada a partir de estudos no Laboratório de Química Industrial e autor do projeto, conta como a ideia surgiu e de que forma essa tecnologia pode transformar a realidade de cozinhas comunitárias em todo o país:
“O projeto, desenvolvido na UFOP, busca utilizar resíduos orgânicos de cozinhas comunitárias para alimentar biodigestores que produzem biogás, substituindo o gás de cozinha convencional. A iniciativa promove a economia circular e visa democratizar a transição energética, garantindo acesso a tecnologias sustentáveis para populações de baixa renda. Além de gerar economia, contribui para a gestão eficiente de resíduos”.
Ele ainda comenta sobre a importância do investimento do Governo Federal para levar essa solução a outras regiões do Brasil
“O projeto contou com investimentos do Governo Federal, por meio de bolsas do CNPq e da Capes, para pesquisas na UFOP. Também recebeu apoio da Fapemig e, mais recentemente, da Finep, que financiou a criação da startup CSTR. A empresa busca levar ao mercado a tecnologia de valorização de resíduos orgânicos desenvolvida na universidade. A iniciativa pode ampliar o acesso à inovação em todo o país. O fomento público é essencial para transformar pesquisas em soluções aplicáveis”.
Além da questão energética, Bruno comenta como o projeto pode contribuir para a segurança alimentar em escolas e cozinhas solidárias
” O uso do biogás reduz as emissões de CO₂ em comparação ao gás de cozinha derivado do petróleo, promovendo a substituição de um combustível fóssil por uma fonte renovável. O projeto também tem impacto social, ao diminuir os custos das refeições em cozinhas comunitárias por meio do aproveitamento dos próprios resíduos. Isso contribui para a segurança alimentar em comunidades vulneráveis. A iniciativa alia sustentabilidade ambiental e inclusão social. O professor Bruno Baeta, da UFOP, é fundador da CSTR, criada a partir de pesquisas no Laboratório de Química Industrial”.