No dia 5 de setembro de 1980, Ouro Preto se tornou a primeira cidade brasileira a receber da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) o título de Patrimônio Mundial da Humanidade. Quarenta e cinco anos depois, o município segue sendo referência internacional pela preservação de seu conjunto arquitetônico, artístico e histórico.
Fundada no século 18 a partir da junção de arraiais mineradores, a antiga Vila Rica nasceu com a exploração do ouro e rapidamente se tornou um dos principais polos urbanos da colônia portuguesa na América. A atividade mineradora não apenas atraiu milhares de pessoas, como também determinou a forma urbana que persiste até hoje, marcada por ladeiras de pedra, igrejas monumentais e casarões coloniais.
Ouro Preto é reconhecida mundialmente por ser um dos grandes centros do barroco. Entre os nomes que marcaram sua produção artística estão Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, autor de projetos e esculturas que se tornaram símbolos do patrimônio universal, e Manoel da Costa Ataíde, conhecido como Mestre Ataíde, responsável por pinturas que se destacam pela inovação estética.
A concessão do título pela Unesco em 1980 teve como base a relevância do conjunto urbano e arquitetônico, que preserva traçados coloniais e guarda a memória de eventos fundamentais para a história brasileira, como a Inconfidência Mineira. O reconhecimento atribui a Ouro Preto o papel de partilhar com a humanidade um legado cultural que atravessa séculos.
Entre os monumentos que consolidaram o valor universal do município estão a Igreja de São Francisco de Assis, considerada obra-prima de Aleijadinho, e a Basílica de Nossa Senhora do Pilar, cujo interior abriga uma das maiores expressões da talha dourada no Brasil. O casario branco, com telhados de barro e esquadrias coloridas, mantém a atmosfera do século 18 e reforça a importância da preservação.
Além do patrimônio material, a cidade também se destaca pelas tradições imateriais. Os Saberes do Rosário, com os Reizados, Congadas e Congados, e o Ofício de Sineiro com o Toque dos Sinos em Minas Gerais foram registrados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e integram o conjunto de manifestações que perpetuam a memória coletiva.