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Moradores denunciam abandono e insegurança na ZAS da Barragem Doutor, enquanto Vale afirma realizar manutenção regular

Área próxima à barragem Doutor segue com imóveis depredados, acúmulo de lixo e denúncias de descumprimento de medidas judiciais

A situação da Zona de Autossalvamento (ZAS) da Barragem Doutor, localizada em Antônio Pereira, distrito de Ouro Preto (MG), voltou a ser tema de debate após denúncias de moradores sobre abandono, insegurança e riscos à saúde na região. Os relatos apontam para imóveis depredados, presença de lixo, mato alto, mau cheiro e foco de doenças, como a dengue, além da sensação constante de medo entre as famílias que ainda residem próximas à área evacuada.

Segundo os moradores, as casas desocupadas vêm sendo ocupadas irregularmente, há lixo acumulado, entulho de obras e a ausência de vigilância em parte do dia, apesar de decisão judicial que obriga a mineradora a garantir a segurança e a integridade das moradias desocupadas. Muitos apontam que o abandono tem transformado a ZAS em uma área insalubre e vulnerável.

Em resposta, a mineradora Vale informou que realiza a manutenção da área desde 2020, incluindo ações periódicas de dedetização, capina e limpeza, com a retirada de lixo e entulho. De acordo com a empresa, em maio deste ano teve início uma nova etapa de limpeza em toda a região da ZAS, com previsão de conclusão até o fim de junho. A Vale também afirmou que mantém rondas diárias no local e reforçou seu compromisso com o bem-estar da população.

Apesar da posição da empresa, os moradores afirmam que seguem cobrando medidas mais efetivas e imediatas. Alguns grupos pedem a ampliação das remoções voluntárias para famílias que vivem nas proximidades da ZAS, alegando risco constante e deterioração das condições de vida. O Instituto Guaicuy, responsável pela Assessoria Técnica Independente (ATI) junto à comunidade, também encaminhou ofícios e relatórios ao Ministério Público relatando o descumprimento de medidas judiciais e os impactos na saúde pública.

A Barragem Doutor, operada pela Vale, teve suas atividades suspensas em 2019 e seu nível de risco elevado para 2 em 2020, exigindo a remoção de dezenas de famílias. Desde então, a região vive, segundo o instituto, sob o impacto das obras de descaracterização e do temor de um possível rompimento.

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Laura Gorino é graduanda em Jornalismo na UFOP e atua como Assistente de Comunicação na rádio Itatiaia Ouro Preto. Ela trabalha na cobertura de pautas de diversos nichos, com um interesse especial em jornalismo cultural.