A Rádio Itatiaia Ouro Preto recebeu a denúncia da estudante Larissa Pinheiro Trindade Zanetti, do 3º período do curso de Segurança do Trabalho no IFMG Campus Ouro Preto.
Segundo a aluna, no início do semestre a instituição autorizou que ela cursasse as disciplinas em regime excepcional de estudos, em razão da necessidade de acompanhar o filho em tratamento contra uma pneumonia necrotizante, que chegou a demandar internação em UTI.
A poucos dias do encerramento do período letivo, a direção do campus informou que houve um erro administrativo na concessão do benefício e determinou o trancamento extemporâneo do semestre 2025/1.
Larissa, acompanhada pelos pais, Raquel e Roosevelt Zanetti, considera a medida injusta e relata que seguiu à risca a autorização dada pela própria instituição.
“Eu entrei neste semestre autorizada pelo IFMG Ouro Preto a cursar minhas disciplinas em regime excepcional. Agora, perto do fim do período, simplesmente dizem que ‘cometeram um erro’ e estão anulando todo meu semestre, como se eu fosse a culpada. Eu apenas segui a decisão da própria instituição”, afirmou à reportagem.
A situação gerou forte abalo emocional na estudante e mobilizou familiares, que criticam a forma como a comunicação foi feita. A estudante esteve acompanhada dos pais, Raquel Zanetti e Roosevelt Zanetti, que relataram a situação de abalo emocional da filha após receber a notícia.
“Cheguei em casa e encontrei minha filha em um estado deplorável, tentando contra a própria vida, na frente do meu neto que já está fragilizado pela doença. Foi uma comunicação sem empatia, sem cuidado. A instituição precisa ter um olhar humano, porque não existe instituição sem aluno.” afirmou a mãe Raquel Zanetti.
O pai, Roosevelt Zanetti, lembrou do período difícil que a família enfrentou e criticou a postura da instituição. “Foram 59 dias de UTI com meu neto. Professores chegaram a ameaçar levar prova para ela fazer dentro do hospital. Eu, que fui aluno da antiga Escola Técnica, não consigo acreditar no que vejo hoje. Graças a Deus cheguei a tempo, porque podia estar carregando o caixão da minha filha.”
O que diz o IFMG:
Em nota enviada à reportagem, a Diretoria de Ensino do IFMG Ouro Preto explicou que, segundo parecer da Pró-Reitoria de Ensino e Assuntos Estudantis (PROEN), o regime excepcional só pode ser concedido a estudantes que se enquadram em situações previstas na legislação — como gravidez, doenças próprias ou condições específicas de saúde. O direito não se estende a casos em que o afastamento se dá pelo acompanhamento de dependentes ou familiares.
A direção reconheceu que houve um equívoco no deferimento do pedido em junho deste ano, o que fez com que a estudante deixasse de comparecer às aulas acreditando estar amparada legalmente. Como não atingiu a frequência mínima exigida, o campus determinou o trancamento extemporâneo do semestre.
O IFMG destacou ainda que, em caráter excepcional, esse trancamento não será contabilizado no limite máximo previsto em regulamento, para reduzir prejuízos acadêmicos à aluna. A instituição afirmou que colocou o setor pedagógico e a psicologia do campus à disposição da estudante.
Na manhã desta sexta-feira (12/09), a estudante Larissa Zanetti, acompanhada de sua mãe, Raquel Zanetti, foi recebida no IFMG - Campus Ouro Preto pelo Diretor-Geral, Prof. Reginato Fernandes dos Santos, e pela psicóloga da instituição, Gisele Baeta.
O objetivo do encontro foi apresentar à aluna as possibilidades legais, e também as oportunidades em conformidade com as normativas do IFMG, que poderão ser requeridas pela estudante de maneira a aproveitar os conteúdos já cursados até o momento, a fim de minimizar possíveis impactos em sua trajetória acadêmica.