Estudantes do Departamento de Geologia da Universidade Federal de Ouro Preto relataram cortes previstos no orçamento de 2026, com impacto sobre atividades acadêmicas e condições estruturais do prédio. As informações foram enviadas por integrantes do curso que acompanharam discussões internas da Escola de Minas sobre redistribuição de recursos.
Segundo os relatos, representantes de diversos departamentos participaram de reunião destinada à avaliação dos valores disponíveis para o próximo exercício. A decisão final indicou o Departamento de Geologia como unidade que teria redução mais ampla. Uma docente da área participou do encontro, mas deixou a reunião antes da votação por motivos pessoais. Os estudantes informaram que os cortes atingiriam bolsas de campo, estimadas em aproximadamente cento e cinquenta mil reais, e recursos destinados a reformas estruturais no prédio. O total mencionado pelo grupo chega a trezentos mil reais.
Estudantes também relataram problemas de infraestrutura no prédio. Segundo o grupo, houve episódios de mesas que cederam durante atividades, registros de infestação de pulgas e acúmulo de materiais classificados como patrimônio em áreas internas, com relato de aparecimento de escorpiões e aranhas. As bolsas destinadas às atividades de campo foram citadas como essenciais para os trabalhos obrigatórios do curso. Os alunos afirmaram que os auxílios são liberados somente após a realização das atividades, o que leva grupos a custearem alimentação e deslocamentos com recursos próprios.
A reportagem solicitou posicionamento da UFOP, que encaminhou respostas por escrito. Segundo a instituição, a redução decorre de queda nos repasses de recursos discricionários da União para 2026. A universidade afirma que os cortes foram distribuídos entre todas as unidades, com base em critérios técnicos definidos pelas Pró-Reitorias de Planejamento, Administração e Graduação. A análise considerou execução orçamentária histórica, possibilidade de uso compartilhado de recursos e urgência das despesas, com prioridade para manutenção das atividades acadêmicas e bolsas permanentes.
A universidade informou que a redução específica nas atividades de campo corresponde a dez por cento do valor destinado à assistência estudantil, equivalente a setenta e cinco mil reais. A UFOP afirmou que se reuniu com estudantes no dia 3 de dezembro para esclarecer dados que teriam sido interpretados de forma parcial. Segundo a instituição, a execução atípica de 2025 ocorreu por causa do calendário excepcional, que concentrou três semestres no ano.
A administração disse que os critérios gerais de contingenciamento foram debatidos e aprovados pelo Conselho Universitário, por meio da resolução Cuni 2885. Sobre atividades de campo, a UFOP informou que estuda alternativas para reduzir custos, como agrupamento de turmas, ajustes de transporte, hospedagem e revisão de roteiros.
Em relação à manutenção do prédio do departamento, a UFOP informou que não há recursos exclusivos para obras de grande porte. As intervenções serão executadas conforme prioridade técnica e disponibilidade financeira. Demandas como infiltrações, mobiliário e controle de pragas serão atendidas por serviços terceirizados ou equipes internas. A universidade afirmou que parte dos recursos destinados à manutenção geral da instituição será direcionada ao Departamento de Geologia em 2026, mas obras amplas dependem de projetos executivos e de aumento no orçamento federal.
Sobre bolsas de campo, a universidade afirmou que o pagamento depende de trâmites legais e que a liberação dos valores exige planejamento prévio das unidades acadêmicas, para que os auxílios sejam processados antes da saída para as atividades. A UFOP informou que busca recomposição parcial do orçamento junto ao governo federal, mas não pode garantir recuperação integral dos valores retirados.