O anúncio do cancelamento do rodeio no 39º Festa da Batata pegou de surpresa parte dos vereadores e reacendeu um antigo debate em Ouro Branco: os limites entre tradição, entretenimento e bem-estar animal. A decisão, segundo informações apresentadas durante a sessão da Câmara Municipal desta semana, foi tomada pela Prefeitura após recomendação do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que teria solicitado a suspensão da atividade por suspeita de maus-tratos a animais.
O comunicado foi feito pelo vereador Ivanildo da Silva (Republicanos), que lamentou o cancelamento e destacou o impacto econômico que o rodeio poderia gerar para o município. “Infelizmente, o rodeio foi cancelado em meio a tanta polêmica. Tem gente que nasceu em berço de ouro, mas desconsidera que o rodeio gera empregos”, afirmou o parlamentar. Segundo ele, a administração municipal pretende substituir o rodeio por outras atrações, como concurso de marcha, fazendinhas para crianças e concurso leiteiro, na tentativa de manter a essência rural do evento.
A vereadora Branca Castilha (União) questionou os motivos da decisão e defendeu mais transparência por parte do Executivo. Já o presidente da Câmara, Werley Pereira, pediu um pronunciamento oficial da Prefeitura para esclarecer os rumos do festival. “O que a gente espera é um comunicado formal para que possamos informar corretamente a população e entender o que muda na programação”, pontuou.
O cancelamento representa uma reviravolta na condução do evento. Em setembro, o prefeito Sávio Fontes havia comemorado publicamente o retorno do rodeio após mais de uma década de ausência, apresentando-o como uma das grandes novidades da festa. O anúncio, no entanto, provocou forte reação de ambientalistas e organizações de defesa dos animais. A ONG Recanto dos Animais de Ouro Branco chegou a acionar o Ministério Público, que emitiu a recomendação para suspender a atração.
Tradicional no calendário cultural da cidade, o Festival da Batata está previsto para ocorrer entre os dias 23 e 26 de outubro, reunindo grandes nomes da música nacional e atividades voltadas ao público de todas as idades. A exclusão do rodeio, uma das atrações mais aguardadas por parte da população, tem gerado intenso debate nas redes sociais e na própria Câmara sobre a condução da festa e o equilíbrio entre tradição e responsabilidade social.
Enquanto a Prefeitura ainda não se pronuncia oficialmente, o episódio revela a crescente influência das pautas ambientais nas decisões públicas e coloca em discussão o papel do poder público em conciliar manifestações culturais com o respeito aos direitos dos animais. O caso também abre espaço para uma reflexão mais ampla sobre como eventos tradicionais podem se reinventar sem perder sua identidade — uma equação que Ouro Branco precisará resolver nos próximos dias.