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Robin Hood do Rap, Djonga fala das origens na zona Leste ao sucesso com o lançamento de ‘Ladrão’

Robin Hood do Rap, Djonga fala das origens na zona Leste ao sucesso com o lançamento de ‘Ladrão’

“Ô, mãe, olha como me olham. Ô, mãe. Eles me pedem foto. Hey, all, hey, all. Do fundo da Leste, eu cumpri a promessa”.

Considerado o maior rapper mineiro da música nacional, Djonga mistura manifestação cultural e traços da sua origem em versos que têm conquistado multidões. O cantor, que também é conhecido, de modo mais íntimo, como Gustavo Pereira, de 24 anos, traduz em suas músicas o amor que tem pela periferia da capital mineira, onde foi criado, nas ruas dos bairros São Lucas e Santa Efigênia, região Leste de BH.

“Tudo que eu aprendi, mano, de errado e de certo, veio de lá, sacou? Foi nossa parada mesmo. Eu amo aquele lugar e vou morrer lá”, conta.

Em entrevista ao repórter da Itatiaia, Renato Rios Neto, o cantor abriu o coração e falou das origens ao sucesso (ouça acima). “Céu é o limite? Que céu, pô. Mais ainda. Tem mais. Universo, sei lá, outra galáxia”.

Ladrão

O mais recente álbum de Djonga chama-se “Ladrão” ( Ouça aqui). O cantor explica, no entanto, que o nome não é apologia ao crime e sim uma mensagem à comunidade, amigos e família. Ele, inclusive, se intitula Robin Hood do Rap.

“Juntei essa coisa do estereótipo, do ladrão, com esse lance do resgate às origens. No que deu? Já que vocês acham que eu sou ladrão, então o que eu estou fazendo é roubar a cena e chamar a atenção mesmo, tá ligado? (sic) Roubar as mentes e trazer para o nosso lado, pegando tudo o que eu conquistei: prêmios, status, dinheiro e capacidade de influência, trazendo de volta para as minhas raízes. É um lance mais Robin Hood do que esse ladrão do senso comum”, detalha.

“Eu, como negro, de uma região mais humilde de BH, sempre sou encarado nas ruas por estereótipos. Quando estou passando, a moça esconde a bolsa. O cara fica com medo e fecha o vidro do carro, como se eu fosse um ladrão. Então, eu cresci com esse estereótipo. E isso é um drama em um país preconceituoso como é o Brasil”, completa.

No dia em que o disco novo foi lançado, o cantor foi o assunto mais comentado no Trends Topics nacionais do Twitter. O detalhe é que no mesmo dia ocorreu o massacre na cidade de Suzano, em São Paulo, quando um atentado vitimou alunos de uma escola.

Origens

Nos versos das canções, Djonga transparece a ligação que tem com a periferia de Belo Horizonte. “Eu subi muito, deu tudo muito certo e eu vejo que muita gente fica famosa, ganha uma grana e esquece as origens. Esquece-se de onde veio. Penso que esses lances de resgate das origens, de estar próximo de quem você, é sempre muito importante.”

Economia da periferia

“Parece que eu tô tirando, mas na real tô te chamando para ser sócio”. As letras da canção Hat-Trick, do novo álbum, traduzem bem o que Djonga quer para a economia da periferia.

“A minha ideia é termos autonomia. Eu ganhei uma grana considerável. Graças a Deus e ao meu suor. E eu não posso, simplesmente, pegar essa grana e gastar com carro, festa, zoeira e é só isso. Poder eu até posso, mas é muito mais interessante eu investir e dividir. Vamos ter pé no chão e fazer a coisa certa. Porque vamos ter filhos e filhas e esses menores são os que vão colher os frutos”, explica.

Realidade das ruas e da juventude

“É o seguinte: se a gente se matar, se a gente for para a boca e fazer esses bagulhos (sic), o que vai acontecer é que nós vamos fazer o que o sistema quer que façamos. Para o sistema é interessante ter mais um de nós, simplesmente, como soldado dele. E quando eu estou dizendo sistema, eu estou falando dos caras que estão em Brasília, engravatados, porque eles que comandam todo esse esquema”, explana.

“Para eles, é muito da hora (sic) ter o máximo de soldados possíveis, que são as pessoas que seguram a bucha, porque na hora que roda (sic), quem vai para a cadeia é você. Quem morre é você, não é o cara que está em Brasília. O que eles querem de você é que você roube”, completa.

Pai

“Eu me sinto uma pessoa privilegiada demais por ter tido essa presença masculina na minha vida. Eu acho que, inclusive, isso é uma coisa que fez muita falta para muitos dos meus amigos e fez eles entrarem em coisas erradas, buscando esse pai nessas coisas”, relata sobre o pai, Ronaldo Marques.

“Meu pai é um dos caras mais batalhadores e honestos que eu conheço. Isso já foi o bastante para admirá-lo. Todo mundo que conhece, gosta. Meu pai lá no bairro é ídolo. E fã da Itatiaia. Meu pai é isso. Eu estou mais aqui na Itatiaia porque quero que meu pai me ouça, sacou?”

Família e filho Jorginho

“Filho é para o mundo. Eu quero que ele faça as escolhas dele e que ele seja feliz”.

Atlético

Em Belo Horizonte, Djonga carrega várias paixões. Entre elas, o Atlético, time que revela ser apaixonado desde criança. “Nossos menor vão ser atleticano”, diz a letra da canção 1010.

No último domingo (24), o cantor participou da festa de aniversário do clube em uma apresentação no Mineirão, diante a quase 50 mil pessoas, e, mais uma vez, relembrou o pai. “Eu estava no bagulho do Galo, no Mineirão, porque meu pai me levava no estádio sempre. Meu pai sempre me fez ser atleticano e por aí vai”.

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