Os softwares industriais são os códigos que servem como mentes por trás das operações, conectando máquinas e sensores em um sistema que necessita de coesão e precisão para funcionar.
Para desvendar os bastidores dessa programação e mostrar por que ela é tão especializada, a Itatiaia conversou com Jean Kelvin Menezes, supervisor técnico do Senai/MG e engenheiro mecânico especialista em gestão de projetos e engenharia de segurança do trabalho.
A responsabilidade por trás do código
Programar para a indústria é uma tarefa de alta responsabilidade, muito distante do desenvolvimento de aplicativos para o consumidor comum. Um erro de código no ambiente da fábrica pode ter consequências severas, que vão de prejuízos financeiros a acidentes de trabalho.
“A grande diferença está na responsabilidade. Em um aplicativo de celular, um erro pode causar um simples travamento. Já em uma máquina industrial, uma falha pode significar um acidente ou uma parada de produção que custa muito caro”, ressalta o engenheiro.
Por essa razão, o foco do desenvolvedor muda completamente. “Quem programa para esse setor precisa pensar em segurança, rapidez de resposta e confiabilidade acima de tudo”, afirma Menezes.
Sensores e softwares: os ‘sentidos’ da máquina
Para que o software tome decisões, ele precisa de informações do ambiente. É aí que entram os sensores, que coletam dados vitais sobre o funcionamento dos equipamentos. O programa, por sua vez, atua como o intérprete que transforma esses dados em ações concretas.
“Os sensores são como os ‘olhos e ouvidos’ da máquina: eles captam informações como temperatura, pressão ou peso. O software traduz esses números em decisões”, detalha Menezes.
Ele ilustra com um exemplo prático. “Se a temperatura de um equipamento ficar acima do limite, o sistema pode acionar automaticamente um ventilador ou até desligar a máquina para evitar danos”, complementa.
Programação como barreira de proteção ao trabalhador
Um dos papéis mais importantes do software industrial é garantir um ambiente de trabalho seguro. A programação não serve apenas para a eficiência, mas também para criar barreiras de proteção robustas que coloquem a integridade física dos operadores como prioridade máxima.
De acordo com o especialista, isso é feito com protocolos rigorosos. “Existem comandos que, em caso de emergência, desligam a máquina em questão de milissegidos. Além disso, há sistemas redundantes que garantem que, mesmo se uma parte falhar, a proteção continua funcionando”, explica.
Essa abordagem reflete um princípio fundamental da indústria moderna. “É uma forma de colocar sempre a vida e a integridade das pessoas em primeiro lugar”, finaliza o especialista.
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