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Ligas metálicas na impressão 3D: a ‘receita’ para a indústria do futuro

A manufatura aditiva, que projeta um faturamento global de mais de US$ 15 bilhões até 2027, ganha força com a alta demanda dos setores aeroespacial, de defesa, médico e automotivo; entenda a tecnologia e o cenário no Brasil.

Tecnologia conhecida como manufatura aditiva é fundamental para setores de ponta, como o aeroespacial e o médico

As ligas metálicas especiais são o motor por trás da revolução da impressão 3D na indústria, permitindo a criação de componentes complexos e de alto desempenho que antes eram impossíveis de fabricar. Materiais como titânio, níquel e aços especiais, processados camada a camada, estão no centro de um mercado que projeta movimentar mais de US$ 1,5 bilhão (cerca de R$ 7,5 bilhões) até 2027.

Essa tecnologia, também conhecida como manufatura aditiva, é fundamental para setores de ponta, como o aeroespacial e o médico. Segundo o relatório “Hub da Inovação: Impressão 3D de Metais”, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a capacidade de usar esses materiais para criar peças customizadas, mais leves e resistentes, impulsiona a inovação e o crescimento do setor.

Os metais essenciais para a indústria

A escolha do metal na impressão 3D depende diretamente da aplicação final. Cada liga oferece um conjunto único de propriedades que atende a demandas específicas de desempenho, custo e resistência.

  • Titânio: É um dos materiais mais fortes, leve, biocompatível e resistente à corrosão. Essas características o tornam ideal para as indústrias aeronáutica, aeroespacial e médica. Foi o segundo metal mais utilizado em 2019, gerando uma receita de US$ 129,4 milhões.
  • Aço: Liderou o mercado em volume de utilização, com 545,5 toneladas em 2019. A projeção é que seu uso atinja 3.911,3 toneladas em 2027. Em receita, o aço gerou US$ 41,5 milhões em 2019.
  • Alumínio: Conhecido pelo baixo custo e leveza, é cada vez mais adotado na indústria aeroespacial. Em 2019, o consumo do material atingiu 249,8 toneladas, com uma receita de US$ 32,8 milhões.
  • Níquel: Utilizado por sua alta ductilidade e resistência à corrosão, é um elemento importante na fabricação de peças para os setores automotivo e aeroespacial. Em 2019, representou 21,6% do mercado.

Do pó ao componente: como funciona?

A impressão 3D de metais transforma pó ou fio metálico em peças sólidas e funcionais. O processo começa com um modelo digital tridimensional, que é enviado para a impressora. A máquina então constrói o objeto camada por camada, utilizando uma fonte de energia para fundir o material.

As duas principais categorias de tecnologias são:

  • Fusão em Leito de Pó (PBF): Processos como a Sinterização Seletiva a Laser (SLS) e a Fusão Seletiva a Laser (SLM) utilizam um laser ou feixe de elétrons para fundir seletivamente regiões de um leito de pó metálico.
  • Deposição por Energia Direcionada (DED): Nesta técnica, o material, em forma de pó ou fio, é depositado e fundido simultaneamente por uma fonte de energia, como um laser.

Aplicações de ponta: de foguetes a implantes

A capacidade de manipular ligas metálicas especiais em nível microscópico abre portas para inovações em diversas áreas. No setor de saúde, a tecnologia permite a fabricação de implantes médicos e odontológicos personalizados, como próteses de quadril e espinhais feitas com a liga de titânio Ti-6Al-4V, que são biocompatíveis e se integram melhor ao corpo humano.

Na indústria aeroespacial, a impressão 3D vai além. A fabricação aditiva de materiais de gradientes funcionais (AM-FGM) possibilita a criação de um único componente com propriedades variáveis, combinando diferentes metais. Um exemplo é o desenvolvimento de bocais de foguete que possuem uma gradiente entre uma liga de titânio e nióbio puro, otimizando a peça para suportar a altíssima carga térmica na região do “pescoço” do bocal.

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Desafios e o futuro dos materiais

Apesar dos avanços, a impressão 3D de metais ainda enfrenta desafios. A incompatibilidade entre ligas, com diferentes temperaturas de fusão e densidades, pode causar defeitos como rupturas, porosidade e problemas dimensionais. A presença desses defeitos pode comprometer as propriedades mecânicas das peças, exigindo tratamentos térmicos ou usinagem posteriores para garantir a qualidade.

O futuro da tecnologia passa pelo P&D de novos materiais. O desenvolvimento de novas ligas metálicas, especialmente projetadas para a manufatura aditiva, é um campo que tem ganhado popularidade e deve impulsionar ainda mais o uso e a eficiência da impressão 3D nos próximos anos.

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Amanda Alves é graduada, especialista e mestre em artes visuais pela UEMG e atua como consultora na área. Atualmente, cursa Jornalismo e escreve sobre Cultura e Indústria no portal da Itatiaia. Apaixonada por cultura pop, fotografia e cinema, Amanda é mãe do Joaquim.