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Indústria brasileira freia em agosto e empresários mostram pessimismo

Produção e emprego caem, quebrando tendência de alta para o mês; futuro inspira cautela, aponta Confederação Nacional da Indústria

Segundo a CNI, essa foi a maior retração para um mês de agosto desde 2015

A indústria brasileira teve um agosto de fraco desempenho, com queda na produção e no número de empregos. O resultado, divulgado na Sondagem Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), quebrou uma tendência de crescimento que costumava ser registrada para o período e acendeu um alerta sobre o ritmo da atividade econômica no país.

O indicador que mede a evolução da produção ficou em 47,2 pontos, em uma escala que vai de 0 a 100. Números abaixo de 50 pontos significam que a produção diminuiu em relação ao mês anterior. Segundo a CNI, essa foi a maior retração para um mês de agosto desde 2015, um sinal de que as fábricas produziram menos do que o esperado.

O mesmo cenário negativo foi visto no mercado de trabalho. O índice de evolução do número de empregados marcou 48,4 pontos, indicando que mais empresas demitiram do que contrataram em agosto. O dado chama a atenção porque, com exceção de 2023, o mês costumava ser de criação de vagas na indústria desde 2020.

O que explica o resultado

O fraco desempenho da indústria pode ser entendido como um reflexo da economia. Com a utilização da capacidade instalada caindo de 71% para 70% entre julho e agosto, fica claro que o setor está operando em um ritmo mais lento. Esse número também está abaixo dos 72% registrados no mesmo mês do ano passado.

A utilização da capacidade instalada é o quanto as fábricas estão efetivamente usando de seu potencial. Quando esse percentual cai, significa que as empresas estão produzindo menos do que poderiam, geralmente por falta de demanda ou por cautela diante de um cenário incerto.

Os estoques da indústria, por sua vez, permaneceram estáveis, com o indicador marcando 50 pontos. Isso mostra que as empresas não estão acumulando produtos, mantendo os níveis ajustados ao que foi planejado. É um sinal de gestão cautelosa diante de um cenário incerto.

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Expectativas para os próximos meses

O desânimo com o resultado de agosto se reflete nas expectativas dos empresários para o futuro. A confiança em uma melhora diminuiu, embora ainda exista uma perspectiva de crescimento, porém mais tímida.

A expectativa de aumento na procura por produtos recuou para 52,3 pontos. A perspectiva de compra de matérias-primas também caiu, ficando em 51,3 pontos. Ainda acima dos 50 pontos, o que é positivo, mas mostra que os industriais esperam um crescimento mais moderado.

A perspectiva para as vendas ao exterior continua pessimista, com o indicador em 46,6 pontos. A expectativa para a contratação de funcionários também permanece negativa, em 49,6 pontos. Os números sinalizam que os empresários não esperam melhora nesses dois campos no curto prazo.

Amanda Alves é graduada, especialista e mestre em artes visuais pela UEMG e atua como consultora na área. Atualmente, cursa Jornalismo e escreve sobre Cultura e Indústria no portal da Itatiaia. Apaixonada por cultura pop, fotografia e cinema, Amanda é mãe do Joaquim.