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Impressão 3D com solda está mudando a forma de produção de componentes, conheça a técnica

Humberto Monteiro, doutor em engenharia de estruturas e líder técnico do Programa de Manufatura Aditiva do Sesi, detalha como a técnica MADA pode baratear e acelerar a produção de componentes para a indústria pesada

O foco da impressão 3D metálica é a indústria pesada

Uma nova tecnologia que usa um robô de solda para imprimir peças de metal está mudando a forma como a indústria produz componentes gigantes. Chamada de Manufatura Aditiva por Deposição a Arco (MADA), a técnica promete ser uma mão na roda para setores como siderurgia e mineração, produzindo peças de reposição de forma mais rápida e barata.

Impressão 3D com metal

A gente já ouviu falar de impressora 3D que faz bonequinhos de plástico, certo? A ideia aqui é parecida, mas em uma escala muito maior e com metal. O pesquisador Humberto Monteiro, que é doutor em engenharia e líder técnico do Programa de Manufatura Aditiva do Sesi, explica de um jeito fácil de entender.

Segundo ele, o processo, chamado de MADA, usa um robô, uma máquina de solda e um arame de metal. O robô é programado para desenhar a peça, camada por camada, derretendo o arame com um arco elétrico. É como se fosse uma soldagem, mas feita de forma inteligente para construir um objeto do zero.

Onde se aplica?

Por enquanto, essa tecnologia ainda não vai fazer o seu portão de casa. O foco da impressão 3D metálica é a indústria pesada. Pense em peças enormes para máquinas de mineradoras, siderúrgicas ou plataformas de petróleo. Muitas vezes, essas peças vêm de fora do país e demoram meses para chegar.

Com a MADA, a indústria pode fabricar a peça que precisa aqui mesmo no Brasil, em questão de dias. Isso evita que uma fábrica inteira pare por causa de uma peça quebrada, o que gera um prejuízo danado. Nos Estados Unidos e na Europa, a tecnologia já é usada para fabricar peças para o setor de óleo e gás.

Isso pode deixar as coisas mais baratas?

Diretamente no nosso bolso, talvez não agora. Mas, segundo o pesquisador, o impacto é grande para a economia do país. Quando uma indústria se torna mais forte e produtiva, ela consegue competir melhor, gerar mais empregos e evitar perdas de dinheiro com máquinas paradas.

“A indústria atual não pode conviver com paradas e impactos na produtividade, pois isso afeta consideravelmente seus modelos de negócio e a própria economia do país”, afirmou Monteiro à reportagem. A ideia é que, com o tempo, a tecnologia fique mais barata e possa ser usada para fabricar outros tipos de produtos que a gente usa no dia a dia.

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E o meio ambiente, como fica?

Outra vantagem dessa tecnologia é que ela é mais amiga do meio ambiente. Como a peça é construída camada por camada, quase não há desperdício de material. É diferente de pegar um bloco de metal gigante e ir cortando até chegar no formato certo, o que gera um monte de sucata.

Além disso, estudos já mostram que a impressão 3D metálica gasta menos energia e emite menos gases que causam o efeito estufa. Ou seja, é uma forma mais limpa e inteligente de produzir o que a indústria precisa para continuar funcionando.

A tecnologia já é uma realidade em países como Estados Unidos e Europa, especialmente no setor de óleo e gás. No Brasil, o CIT Sesi já produziu e instalou componentes na operação de alguns parceiros e possui uma célula de MADA da empresa holandesa MX3D, uma das maiores do setor atualmente.

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Amanda Alves é graduada, especialista e mestre em artes visuais pela UEMG e atua como consultora na área. Atualmente, cursa Jornalismo e escreve sobre Cultura e Indústria no portal da Itatiaia. Apaixonada por cultura pop, fotografia e cinema, Amanda é mãe do Joaquim.