Com 80 anos de tradição na mineração, Itabira, na região central do Estado, intensificou o programa de diversificação econômica e está investindo na atração de empresas de outros segmentos para a cidade. A “Mina Cauê", a primeira a ser explorada pela Vale no país, em 1940, está localizada no município. Os relatórios mais atualizados da mineradora descartam a possibilidade de encerramento das atividades nesta década. Com a tecnologia vigente e o atual ritmo de exploração, os documentos projetam o fim da operação na mina para 2041.
Mesmo com 16 anos de atividade minerária pela frente, a prefeitura defende que para criar um programa sólido de diversificação é necessário ter um projeto estruturado a curto, médio e longo prazo. Em entrevista à Itatiaia, o prefeito de Itabira e presidente da Associação dos Municípios Mineradores (Amig), Marco Antônio Lage, aponta os principais pontos da iniciativa que está sendo implantada na cidade.
“Criamos o Itabira Sustentável. Desde outubro de 2021, a Vale financia uma consultoria internacional, a Arcadis, junto com a Prefeitura, a própria Vale e a sociedade civil, para nos empenharmos nesse grande desafio que a cidade tem. Essa consultoria nos orientou com metodologias importantes para que a sociedade se organizasse nesse sentido.
Foram 15 eixos estratégicos, 15 eixos de desenvolvimento, que deram origem a 61 projetos estruturantes para a cidade. Projetos que vão desde mobilidade urbana, educação, capacitação, um novo distrito industrial, um novo condomínio industrial até o desenvolvimento dos eixos econômicos fundamentais, que são turismo, logística e educação. Já temos o primeiro resultado disso com a Faculdade de Medicina, que chegou nesse período a Itabira”, detalha Lage.
Presidente da Amig e prefeito de Itabira, Marco Antônio Lage (PSB)
Polo médico em Itabira
Um dos objetivos do programa de diversificação sustentável é transformar Itabira em um polo médico. Após uma articulação entre o poder público e a iniciativa privada, a cidade agora possui uma faculdade de medicina. Como uma das iniciativas do Itabira Sustentável, a Vale investiu R$ 19 milhões no Centro Universitário Funcesi. O Presidente da instituição, Maurício Guimarães Mendes, afirma que os recursos foram investidos principalmente na área dos laboratórios.
“Nessa primeira etapa, com os recursos que já recebemos, investimos em tecnologia. Como o LabSim, o Laboratório de Simulação Realística, que associa o conhecimento que os alunos precisam, especificamente de medicina, com a tecnologia. Foram comprados equipamentos de robótica, que nós chamamos de manequins, de alta tecnologia, talvez os mais modernos que temos aqui no país, para poder dar aos alunos, desde o primeiro até o último período, a aplicação dos conhecimentos nos manequins. Antigamente, isso se fazia em animais ou em pessoas, mas, dentro dessa nova metodologia de ensino, nós temos esse recurso tecnológico”, conta Mendes.
Presidente do centro universitário Funcesi, Maurício Guimarães Mendes (PSB).
Em Mariana, a ampliação dos negócios já teve início, e, segundo a prefeitura, uma parte da compensação mineral está sendo investida no processo de diversificação econômica. O prefeito Juliano Duarte (PSB) diz que o principal investimento é a criação de um polo industrial, que já tem empresas interessadas nos ramos automotivos e tecnologia.
“No início da nossa gestão, conseguimos dar a ordem de serviço do Distrito Empresarial e do Distrito Industrial, com um investimento de mais de 10 milhões de reais da Prefeitura, além da desapropriação do terreno. Temos empresas do ramo de automóveis, de caminhões e fábricas de ração que querem se instalar em Mariana. Produtoras do ramo de tecnologia e de software também já procuraram a Prefeitura, manifestando interesse em concorrer a um futuro edital que será publicado para se instalar na nossa cidade”, afirma Juliano Duarte.
Prefeito de Mariana, Juliano Duarte (PSB)
O Ceo da Gerdau, Gustavo Werneck, afirma que a diversificação já é uma preocupação da companhia.
“A gente acredita que o empresário é um protagonista no desenvolvimento das pessoas e da comunidade que vive ao redor dos locais em que atuamos. Então, mesmo antes da criação do Instituto Gerdau, em 2004, a gente já tinha uma atuação muito intensa nas comunidades. Nos últimos 20 anos, com um processo mais organizado e uma gestão de altíssimo nível, a gente tem trabalhado com projetos muito estruturados de desenvolvimento das comunidades”, conta Werneck.
Ceo da Gerdau, Gustavo Werneck