As mineradoras em Minas Gerais já operam com 100% da produção filtrada e com o modelo de empilhamento à seco. Durante dois meses, a Itatiaia viajou por diferentes regiões de Minas Gerais e acompanhou de perto empresas que já estão utilizando este novo modelo, que dispensa a utilização das barragens de rejeitos. É o caso de mineradoras como a CSN, Itaminas, Herculano e a Sigma Lithium.
Na mina que fica em Congonhas, na Região Central de Minas Gerais, a CSN não utiliza mais barragens de rejeitos de minério. É o que destaca o diretor executivo de investimento da CSN Mineração, Otto Levy.
Diretor executivo de investimentos da CSN, Otto Levy
“A CSN desde o final de 2019, filtra 100% da produção, ou seja, não utiliza mais barragens de rejeitos para produzir nada. A empresa tem investido no processo de filtragem, de criação e construção de pilhas de rejeitos, que é um processo muito mais seguro do que qualquer barragem, e também no projeto de reaproveitamento de minério”, conta Otto Levy.
Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a Itaminas também já utiliza o modelo de empilhamento a seco. O Gerente de processo da empresa, Jonatan Izidro, explica como funciona o processo na mina da empresa em Sarzedo. “Antes lançávamos esse rejeito todo para a barragem, paramos de lançar esse rejeito para a barragem em 2021. Esse rejeito hoje é direcionado para os espessadores, que fazem a separação do sólido e líquido. E a gente ainda consegue clarificar essa água e recuperar 38 mil metros cúbicos de água/dia para fazer o reaproveitamento dessa água em outros processos à úmida”, Jonatan Izidro detalha.
Gerente de processo de filtragem da Itaminas, Jonatan Izidro
A Herculano também não tem nenhuma barragem de rejeitos na área da mina de Sapecado, em Itabirito, na região central de Minas Gerais, como destaca o diretor de Mineração Gilmar Vieira. “A Herculano não opera com barragem de rejeitos. Nós operamos com filtros de rejeitos, a prensa, cerâmica a disco e a vácuo. São três tecnologias de ponta. Todo o rejeito da nossa usina é filtrado e fazemos o maior reaproveitamento dessa água, e esse rejeito é transportado para uma pilha, onde tem toda uma técnica de empilhamento. Nós temos experiência de mais de 10 anos em empilhamento de rejeito a seco”, conta.
Diretor de Mineração da Herculano, Gilmar Vieira
Empilhamento a seco também já é uma realidade em empreendimentos da Gerdau, como explica o CEO da companhia, Gustavo Werneck. “Nesse momento, o projeto que a Gerdau está fazendo em Ouro Preto, no distrito de Miguel Burnier, é todo com empilhamento a seco, no que há de mais avançado em tecnologia de processo. Somos uma das poucas empresas no mundo certificadas com o selo IRMA, uma grande certificadora internacional de mineração, que atesta que os nossos processos atendem aos mais altos requisitos de segurança conhecidos no mundo”, relata Wenerck.
CEO da Gerdau, Gustavo Werneck
Novas tecnologias
No município de Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, está instalada a Sigma Lithium, empresa que extrai lítio. O mineral pode ser utilizado para produção de baterias de carros elétricos e de fontes de armazenamento de energia. Com dois anos de funcionamento, a empresa nasceu já nos novos padrões e nunca utilizou barragens. Direto de Nova York, nos Estados Unidos, a CEO e co-presidente do Conselho de Administração da Sigma, Ana Cabral, conversou com nossa reportagem sobre as tecnologias utilizadas pela empresa.
CEO da Sigma Lithium, Ana Cabral
“É a planta industrial Greentech de produção em escala industrial significativa de óxido e lítio mais sustentável do mundo. Fica no Jequitinhonha e é a única que pode ser denominada Greentech. Pois 100% da água utilizada no processo é recirculada. No mesmo circuito, não gera a barragem de rejeito, porque secamos a água, reusa e empilha o rejeito a seco. A terceira parte é a parte mais bacana, esse rejeito a seco agora está entrando numa fase de praticamente utilização integral. O que gera mais tecnologia, mais pesquisa e desenvolvimento. Nós estamos reprocessando o nosso próprio rejeito, ou seja, mais lítio com a mesma pegada mineral”, afirma Ana Cabral.