Ouvindo...

Trump considera apoio aéreo à Ucrânia como parte das garantias de segurança

O presidente dos Estados Unidos alertou para uma situação “difícil” caso as conversas entre Moscou e Kiev fracassem. Zelensky se preocupa com segurança pós-guerra

Volodimir Zelensky se reuniu com o presidente americano em Washington na segunda-feira (18) para discutir um possível acordo de paz com a Rússia

O presidente americano, Donald Trump, disse nesta terça-feira (19) que o apoio aéreo dos Estados Unidos e as tropas terrestres europeias poderiam fazer parte das garantias de segurança para a Ucrânia. O mandatário ainda alertou para uma situação “difícil” caso as conversas entre Moscou e Kiev fracassem.

“Quando se trata de segurança, estão dispostos a colocar pessoas no terreno”, disse Trump à Fox News, como uma referência aos aliados europeus com os quais se reuniu na Casa Branca, na segunda-feira (18), junto com o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky.

“Estamos dispostos a ajudá-los com as coisas, especialmente, provavelmente, se falarmos de apoio aéreo, porque ninguém tem o tipo de coisa que nós temos”, afirmou Trump.

O presidente americano ainda garantiu que nenhuma tropa terrestre dos EUA seria enviada à Ucrânia. Trump também descartou categoricamente a possibilidade da Ucrânia de se juntar à aliança militar ocidental (Otan).

Após três anos de invasão russa, a segurança pós-guerra é uma preocupação-chave para Kiev.

Cansado da guerra

Moscou alega que não tolerará que a Ucrânia se junte à Otan. A Rússia é hostil à ideia de tropas ocidentais serem enviadas ao território da antiga União Soviética. Trump afirmou que “França e Alemanha, alguns deles, o Reino Unido, querem ter botas no terreno”.

“Não acredito que vá ser um problema, para ser sincero com você. Acho que Putin está cansado da guerra”, acrescentou.

O presidente americano ainda relatou que tenta organizar uma cúpula bilateral entre o presidente russo e o presidente ucraniano, seguido por outra na qual ele participará.

“Se isso funcionar, então irei à trilateral e fecharei o acordo”, antecipou Trump, que destaca ainda que existe possibilidade de Putin decidir se retirar. “Espero que o presidente Putin aja corretamente, caso contrário, será uma situação difícil”. Zelensky “também precisa demonstrar alguma flexibilidade”, acrescentou.

Concessões e disputa de território

Além das garantias envolvendo a segurança da Ucrânia, outro ponto-chave para acabar com a guerra é o status das vastas áreas ocupadas pela Rússia. Para o presidente americano, a Ucrânia deve aceitar que não irá recuperar os territórios perdidos, o que incluiu a região ocidental do Donbass. Em troca, Trump ressalta que Kiev teria paz.

“Presumo que todos tenham visto o mapa. Sabem, uma enorme parte do território está ocupada, e este território foi ocupado. Agora estão falando do Donbass, mas como sabem, 79% de Donbass é de propriedade e controlado pela Rússia”, disse Trump. E afirmou que a Ucrânia não é poderosa o suficiente para mudar a situação.

“Isso foi uma guerra e a Rússia é uma nação militar poderosa. Gostem ou não, é uma nação poderosa. É uma nação muito maior”, destacou. “Você não pode enfrentar uma nação que é 10 vezes maior do que você".

“Todos podem jogar com inteligência, mas sabem de uma coisa? A Ucrânia vai recuperar sua vida”, disse Trump sobre um acordo de paz que envolve o abandono de território pela Ucrânia.

“Eles vão parar de ter pessoas assassinadas em todas as partes e vão recuperar uma grande quantidade de território”, concluiu.

Conversa sobre fim da guerra na Ucrânia

Volodimir Zelensky se reuniu com o presidente americano, Donald Trump, em Washington na última segunda-feira (18) para discutir um possível acordo de paz com a Rússia. Na última sexta-feira (15), Trump se encontrou com o presidente russo, Vladimir Putin, no Alasca.

O encontro aconteceu em meio a pressão para que presidente ucraniano concorde com demandas da Rússia para cessar-fogo. Outras autoridades como o chefe da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Mark Rutte, a chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, e o presidente da França, Emmanuel Macron, também participaram da reunião.

Os líderes se chamam de “coalition of the willing”, ou coalizão de voluntários, em tradução livre. O termo pode ser entendido como um elo de países em busca de um objetivo comum. O conflito na Ucrânia já dura 42 meses, causando dezenas de milhares de mortes e milhões de deslocamentos.

Entenda a guerra na Ucrânia

A Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022. Atualmente, o país detém cerca de um quinto do território do país vizinho. No mesmo ano, o presidente russo, Vladimir Putin, decretou a anexação de quatro regiões ucranianas: Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia.

Desde o início da guerra, acredita-se que milhares de soldados morreram na linha de frente. Apesar disso, nenhum dos lados divulgou números de baixas militares. Os Estados Unidos, por outro lado, afirmam que 1,2 milhão de pessoas ficaram feridas ou mortas na guerra.

Com ataques cada vez mais ousados dentro da Rússia, a Ucrânia diz que as operações visam destruir a infraestrutura essencial do Exército russo. A Rússia, por sua vez, intensificou os ataques aéreos, incluindo ofensivas com drones. Apesar dos dois lados negarem ter civis como alvos, milhares morreram no conflito.

Os russos não demonstram intenções de abandonar os principais objetivos de guerra e pressionam pelo cumprimento de uma série de condições para cessar-fogo, como que o país renuncie ao fornecimento de armas ocidentais e ao projeto de adesão à Otan.

O Kremlin ainda deseja que a Ucrânia ceda as quatro regiões parcialmente ocupadas (Donetsk, Lugansk, Zaporizhzhia e Kherson), além da Crimeia, anexada em 2014. Putin já afirmou que deseja paz, mas o governo não quer recuar quanto às exigências.

(Com AFP)

*Sob supervisão de Lucas Borges

Leia também

Rebeca Nicholls é estagiária do digital da Itatiaia com foco nas editorias de Cidades, Brasil e Mundo. É estudante de jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNIBH). Tem passagem pelo Laboratório de Comunicação e Audiovisual do UniBH (CACAU), pela Federação de Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg) e pelo jornal Estado de Minas