Ouvindo...

Saiba como possível decisão do Irã pode elevar preço dos combustíveis no Brasil

Parlamento do país aprovou o fechamento do Estreito de Ormuz, por onde circula de 20% a 30% do petróleo global

Transporte de 20% do petróleo global é feito pelo Estreito de Ormuz, no Irã

O Parlamento do Irã aprovou no último sábado (21) o fechamento do Estreito de Ormuz, região situada entre o golfo de Omã e o golfo Pérsico e por onde circula de 20% a 30% do petróleo comercializado no mundo, de acordo com especialistas.

A decisão final ainda depende do Conselho Supremo de Segurança Nacional, órgão responsável por assessorar o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei. Se concretizada, a medida teria forte impacto na economia global, como explica Welber Barral, sócio da BMJ Consultoria.

“Uma eventual interrupção, ainda que breve, pode gerar especulação e elevação muito rápida do preço de petróleo. Então vai haver uma pressão muito grande para que o Irã não interrompa o tráfego pelo Estreito de Ormuz, até porque afeta muito os outros países do Golfo, que são todos exportadores de petróleo”, afirmou à Itatiaia.

Leia também

Para Matheus Soares Matos, sócio de Energia e Sustentabilidade do escritório Barral Parente Pinheiro Advogados, um eventual bloqueio da região poderia favorecer a Petrobras, já que a estatal brasileira assumiria o vácuo dos países exportadores do Oriente Médio, como Arábia Saudita, Kuwait, Omã e Emirados Árabes.

Ele pontua, no entanto, que a medida poderia elevar a inflação no Brasil, que ainda não é autossuficiente na produção de combustíveis.

“Então, a gente precisa prestar atenção no impacto inflacionário, os combustíveis representam uma porção importante da cesta da inflação e a gente precisa averiguar como que principalmente a Petrobras vai reagir, se ela vai repassar esse custo para o mercado doméstico e se ela vai ter agilidade para ganhar divisas no mercado global de petróleo”.

Matos afirma ainda que caso o Irã decida fechar o Estreito de Ormuz, o governo brasileiro poderia estabelecer um “tratamento isonômico” entre as refinarias da Petrobras e as independentes, para estimular a concorrência e diminuir a dependência dos combustíveis importados.

Repórter de política em Brasília. Formado em jornalismo pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), chegou na capital federal em 2021. Antes, foi editor-assistente no Poder360 e jornalista freelancer com passagem pela Agência Pública, portal UOL e o site Congresso em Foco.