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Reino Unido, Austrália e Canadá reconhecem o Estado da Palestina

Quase 75% dos 193 países membros da ONU reconhecem o Estado palestino; Reino Unido e Canadá foram os primeiros países do G7 a reconhecer o Estado palestino

Aliado histórico de Israel, Reino Unido deu o passo neste domingo (21)

Austrália, Canadá e Reino Unido reconheceram oficialmente o Estado da Palestina neste domingo (21). Os países se somam a quase 75% dos 193 países membros da Organização das Nações Unidas (ONU). Nos últimos meses, diversos países tradicionalmente aliados de Israel deram o passo simbólico de reconhecer o Estado palestino.

Reino Unido e Canadá foram os primeiros países do G7 a reconhecer o Estado da Palestina. Outros países pretendem confirmar o reconhecimento formal da Palestina na segunda-feira (22), durante uma reunião da cúpula da ONU, co-presidida pela França e pela Arábia Saudita, à margem da Assembleia Geral da ONU.

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O encontro abordará o futuro da solução de dois Estados. Aliado histórico de Israel, o Reino Unido deu o passo neste domingo, em uma mudança histórica de décadas de política externa britânica.

“Hoje, o Reino Unido reconheceu formalmente o Estado da Palestina para reviver a esperança de paz entre palestinos e israelenses, e uma solução de dois Estados”, afirmou o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, em uma publicação na rede social X.

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, afirmou que o anúncio “constitui um passo importante e necessário para alcançar uma paz justa e duradoura, de acordo com a legitimidade internacional”.

Em um anúncio simultâneo com o do Reino Unido, o primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, declarou que seu país “reconhece o Estado da Palestina e oferece sua colaboração para construir a promessa de um futuro pacífico, tanto para o Estado da Palestina como para o Estado de Israel”.

A Austrália também fez o anúncio. O primeiro-ministro Anthony Albanese declarou que seu país “reconhece as aspirações legítimas e antigas do povo palestino de ter um Estado próprio”.

Starmer anunciou em julho que seu país reconheceria um Estado palestino na Assembleia Geral da ONU, a menos que Israel cumprisse uma série de compromissos, incluindo um cessar-fogo em Gaza.

O vice-primeiro-ministro britânico David Lammy havia declarado que, “com o ataque (de Israel) no Catar, a ideia de um cessar-fogo foi despedaçada.

O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu prometeu “lutar, tanto na ONU quanto em todas as outras arenas, contra a falsa propaganda” dirigida ao seu país e contra “os apelos por um Estado palestino, que colocaria nossa existência em risco e serviria como uma recompensa absurda para o terrorismo”.

“A comunidade internacional nos ouvirá sobre este assunto nos próximos dias”, acrescentou.

O vice-primeiro-ministro britânico, por sua vez, insistiu em sua condenação ao Hamas, “uma organização terrorista, que não pode ter nenhum papel” nos destinos da região, e pediu a libertação dos reféns israelenses que permanecem em cativeiro em Gaza.

Em Portugal, o Ministério das Relações Exteriores confirmou na sexta-feira que o país “reconhecerá o Estado da Palestina” neste domingo.

O governo de Lisboa antecipou a medida em julho, ao levar em consideração “a evolução extremamente preocupante do conflito, tanto no plano humanitário como pelas reiteradas referências a uma possível anexação de territórios palestinos”.

Anexação da Cisjordânia

Em resposta ao anúncio das grandes potências, o ministro israelense da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, declarou que “o reconhecimento é uma recompensa aos terroristas assassinos e exige medidas imediatas: a rápida aplicação da soberania na Judeia e Samaria”, termo que designa a Cisjordânia.

Ben Gvir pertence ao partido Poder Judaico e pediu “o desmantelamento completo da Autoridade Palestina”. Já o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, que também pediu reiteradamente a anexação da Cisjordânia, declarou que é necessário “eliminar permanentemente da agenda a insensatez de um Estado palestino”.

“Os dias em que o Reino Unido e outros países determinavam nosso futuro terminaram”, declarou na rede social X, que pertence à legenda de extrema direita Partido Sionista Religioso.

O vice-primeiro-ministro britânico, que representará o Reino Unido na Assembleia Geral da ONU, também denunciou a expansão da colonização nos territórios palestinos, em particular o projeto conhecido como E1.

O plano, aprovado pelo governo israelense, pretende construir 3.400 residências na Cisjordânia e foi criticado pela ONU porque dividiria o território palestino em dois.

“Devemos manter viva a perspectiva de uma solução de dois Estados, atualmente em perigo, não apenas pelo conflito em Gaza, mas também pela violência e pela expansão da colonização”, declarou Lammy.

A iniciativa franco-saudita para reconhecer o Estado palestino foi criticada pelo governo dos Estados Unidos, principal aliado de Israel. Durante uma visita de Estado esta semana ao Reino Unido, o presidente Donald Trump expressou oposição à decisão britânica durante uma entrevista coletiva conjunta com Starmer.

Quase 75% dos 193 países membros da ONU reconhecem o Estado palestino, proclamado em 1988 pela liderança palestina no exílio.

Guerra em Gaza

Israel iniciou na terça-feira uma ampla ofensiva militar terrestre e aérea para tomar a Cidade de Gaza. Na terça-feira, uma comissão de investigação independente da ONU concluiu que Israel comete genocídio contra os palestinos em Gaza, o que o governo israelense nega.

A guerra começou em 7 de outubro de 2023, quando milicianos islamitas mataram 1.219 pessoas, a maioria civis, em Israel, segundo dados oficiais.

A campanha de retaliação israelense matou mais de 65.200 palestinos na Faixa de Gaza, também em sua maioria civis, segundo números do Ministério da Saúde do território - governado pelo Hamas -, que a ONU considera confiáveis.

*Com AFP

(Sob supervisão de Cândido Henrique Silva)

Rebeca Nicholls é estagiária do digital da Itatiaia com foco nas editorias de Cidades, Brasil e Mundo. É estudante de jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNIBH). Tem passagem pelo Laboratório de Comunicação e Audiovisual do UniBH (CACAU), pela Federação de Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg) e pelo jornal Estado de Minas