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Putin sugeriu Moscou para reunião com Zelensky, mas ucraniano recusou

Trump alertou para uma situação “difícil” caso as conversas entre Moscou e Kiev fracassem. Reunião com “coalizão de voluntários” buscou avanços na busca pela paz

O presidente americano, Donald Trump, alertou para uma situação “difícil” caso as conversas entre Moscou e Kiev fracassem

Durante um telefonema com o presidente americano, Donald Trump, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, propôs realizar em Moscou uma reunião bilateral com o chefe de estado ucraniano, Volodimir Zelensky. Conversa aconteceu na segunda-feira (18) durante reunião com ‘ coalizão de voluntários', segundo fontes próximas à agencia de notícias AFP.

“Putin mencionou Moscou” durante o telefonema na segunda-feira, afirmou uma fonte à AFP. O presidente ucraniano, que estava na Casa Branca com líderes europeus no momento da ligação, “respondeu que não”, acrescentou.

Na ocasião, líderes europeus que apoiam a Ucrânia em luta contra a invasão russa estavam em Washington para diálogo com Zelensky e Trump em busca de uma solução para conflito, que já dura mais de três anos.

Uma fonte diplomática próxima da cúpula disse que líderes europeus haviam dito a Trump que a sugestão de Putin “não parecia uma boa ideia”.

Após a reunião realizada na segunda-feira na Casa Branca entre os líderes alemão, francês, finlandês, italiana e do Reino Unido, o presidente americana disse que o passo seguinte para deter a guerra seria um encontro cara a cara entre Putin e Zelensky.

O líder ucraniano tem dito reiteradamente que está pronto para conversar com Putin para por fim a guerra. O mandatário russo, por sua vez, disse a Trump que estava aberto à “ideia” de diálogos diretos com a Ucrânia, conforme informou o assessor do Kremlin Yuri Ushakov, citado pela imprensa estatal russa.

Já nesta terça (19), o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, disse que qualquer reunião entre os presidentes da Rússia e da Ucrânia precisaria ser preparada “muito cuidadosamente”.

Encontro poderia ser na Suiça

Vladimir Putin possui uma ordem de prisão emitida pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), o que o impede de ir a alguns países. Em meio a isso, mais cedo, a Suiça informou que garantiria a imunidade do chefe de estado russo se ele fosse ao país para diálogos de paz sobre a Ucrânia.

Na última sexta-feira (15), Putin se reuniu com Trump no estado americano do Alasca, o que encerrou uma política de anos de isolamento do chefe de estado russo praticada pelo Ocidente. O líder americano deixou o encontro sem quaisquer garantias de paz do presidente russo.

Segurança pós-guerra

O presidente americano, Donald Trump, disse nesta terça-feira (19) que o apoio aéreo dos Estados Unidos e as tropas terrestres europeias poderiam fazer parte das garantias de segurança para a Ucrânia. O mandatário ainda alertou para uma situação “difícil” caso as conversas entre Moscou e Kiev fracassem.

“Quando se trata de segurança, estão dispostos a colocar pessoas no terreno”, disse Trump à Fox News, como uma referência aos aliados europeus com quem se reuniu na Casa Branca, na segunda-feira (18), junto com o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky.

“Estamos dispostos a ajudá-los com as coisas, especialmente, provavelmente, se falarmos de apoio aéreo, porque ninguém tem o tipo de coisa que nós temos”, afirmou Trump.

O presidente americano ainda garantiu que nenhuma tropa terrestre dos EUA seria enviada à Ucrânia. Trump também descartou categoricamente a possibilidade da Ucrânia de se juntar à aliança militar ocidental (Otan).

Após três anos de invasão russa, a segurança pós-guerra é uma preocupação-chave para Kiev.

Disputa de território

Além das garantias envolvendo a segurança da Ucrânia, outro ponto-chave para acabar com a guerra é o status das vastas áreas ocupadas pela Rússia. Para o presidente americano, a Ucrânia deve aceitar que não irá recuperar os territórios perdidos, o que incluiu a região ocidental do Donbass. Em troca, Trump ressalta que Kiev teria paz.

“Presumo que todos tenham visto o mapa. Sabem, uma enorme parte do território está ocupada, e este território foi ocupado. Agora estão falando do Donbass, mas como sabem, 79% de Donbass é de propriedade e controlado pela Rússia”, disse Trump. E afirmou que a Ucrânia não é poderosa o suficiente para mudar a situação.

“Isso foi uma guerra e a Rússia é uma nação militar poderosa. Gostem ou não, é uma nação poderosa. É uma nação muito maior”, destacou. “Você não pode enfrentar uma nação que é 10 vezes maior do que você".

“Todos podem jogar com inteligência, mas sabem de uma coisa? A Ucrânia vai recuperar sua vida”, disse Trump sobre um acordo de paz que envolve o abandono de território pela Ucrânia.

“Eles vão parar de ter pessoas assassinadas em todas as partes e vão recuperar uma grande quantidade de território”, concluiu.

Entenda a guerra na Ucrânia

A Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022. Atualmente, o país detém cerca de um quinto do território do país vizinho. No mesmo ano, o presidente russo, Vladimir Putin, decretou a anexação de quatro regiões ucranianas: Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia.

Desde o início da guerra, acredita-se que milhares de soldados morreram na linha de frente. Apesar disso, nenhum dos lados divulgou números de baixas militares. Os Estados Unidos, por outro lado, afirmam que 1,2 milhão de pessoas ficaram feridas ou mortas na guerra.

Com ataques cada vez mais ousados dentro da Rússia, a Ucrânia diz que as operações visam destruir a infraestrutura essencial do Exército russo. A Rússia, por sua vez, intensificou os ataques aéreos, incluindo ofensivas com drones. Apesar dos dois lados negarem ter civis como alvos, milhares morreram no conflito.

Os russos não demonstram intenções de abandonar os principais objetivos de guerra e pressionam pelo cumprimento de uma série de condições para cessar-fogo, como que o país renuncie ao fornecimento de armas ocidentais e ao projeto de adesão à Otan.

O Kremlin ainda deseja que a Ucrânia ceda as quatro regiões parcialmente ocupadas (Donetsk, Lugansk, Zaporizhzhia e Kherson), além da Crimeia, anexada em 2014. Putin já afirmou que deseja paz, mas o governo não quer recuar quanto às exigências.

*Sob supervisão de Lucas Borges

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Rebeca Nicholls é estagiária do digital da Itatiaia com foco nas editorias de Cidades, Brasil e Mundo. É estudante de jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNIBH). Tem passagem pelo Laboratório de Comunicação e Audiovisual do UniBH (CACAU), pela Federação de Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg) e pelo jornal Estado de Minas