O plano proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para um cessar-fogo na Faixa de Gaza é “unilateral e favorável a Israel”, apontou a professora do curso de Relações Internacionais da UNA, Rafaela Sanches.
“No campo regional, o plano prevê cooperação entre Israel e países árabes para a reconstrução. Mas, no fundo, não se trata de um acordo equilibrado de paz. É mais uma imposição, alinhada aos objetivos de guerra de Israel, que deixa de lado as demandas históricas palestinas, como soberania e fim da ocupação”, apontou a especialista.
"É, em essência, uma versão adaptada da “visão de paz” que Trump já havia lançado em 2020. Reforça a aliança EUA–Israel, mas isola a Autoridade Palestina e mantém o risco de prolongar o conflito. É preciso considerar também que se trata de uma solução que pode perpetuar o ciclo de violência por não envolverem os atores palestinos no processo de negociação do plano e da possibilidade paz”, acrescentou.
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Tanto Trump quanto Netanyahu já afirmaram que o Hamas sofrerá “o pior” caso rejeite o acordo. Para ela, pode ser uma catástrofe humanitária “ainda maior, com acusações de genocídio e instabilidade na região”.
“Estamos diante de um dos maiores crimes já cometidos contra um povo na atualidade”, afirmou.
Vale lembrar que, nesta sexta-feira (4), o
Netanyahu x Autoridade Palestina
Tanto o presidente Donald Trump quanto o premiê de Israel Benjamin Netanyahu descartam uma atuação da Autoridade Palestina num pós-guerra em Gaza. Isso porque, para os dois, a AP é “fraca, corrupta e incapaz”, segundo a especialista.
“Netanyahu a acusa de não conseguir controlar o terrorismo e de ter falhado em experiências anteriores na Cisjordânia. Já Trump, influenciado por assessores como Jared Kushner, prefere apostar em parcerias diretas com países árabes estratégicos na região, como Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita. A ideia é contornar a Autoridade Palestina e criar uma gestão mais próxima dos interesses israelenses de segurança e estabilidade econômica, para além dos próprios interesses americanos naquele país e na região como um todo. Essa escolha traduz a desconfiança profunda de ambos em relação a Mahmoud Abbas e à estrutura atual da Autoridade Palestina”, explicou.