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Johnson & Johnson é processada por talcos suspeitos de causar câncer

Desde julho de 2024, o talco da marca é classificado como provavelmente cancerígeno pela Agência Internacional para a Pesquisa sobre o Câncer

Desde julho de 2024, o talco é classificado como provavelmente cancerígeno pela Agência Internacional para a Pesquisa sobre o Câncer (IARC, na sigla em inglês) da OMS

A farmacêutica Johnson & Johnson é alvo de uma ação coletiva no Reino Unido por talcos suspeitos de conter amianto e de terem causado câncer. A informação foi confirmada pelo escritório de advocacia que representa os demandantes na última quinta-feira (16).

Mais de 3 mil pessoas são representadas pelo escritório KP Law, que apresentou uma ação ao Tribunal Superior de Londres. A ação pode chegar a indenizações de mais de um bilhão de dólares (5,4 bilhões de reais na cotação atual).

A denúncia “abrange o período de 1965 a 2023, detalha como a Johnson & Johnson sabia Aque seus produtos à base de talco continham fibras cancerígenas, incluindo amianto, há mais de cinquenta anos e optou por mantê-los no mercado”, indicou o escritório de advocacia em um comunicado.

O produto foi retirado do mercado britânico em 2023, cerca de três anos após concessão nos Estados Unidos e no Canadá. As pessoas que usaram o talco relatam o desenvolvimento de diferentes tipos de câncer, especialmente na pleura, no peritônio e nos ovários.

Focada nas áreas farmacêuticas e de dispositivos médicos, a Johnson & Johnson separou em 2023 a divisão de produtos de consumo massivo e cuidados pessoais, dando origem a uma nova empresa independente chamada Kenvue.

Questionada pela AFP, a Johnson & Johnson considera que a Kenvue herdou “todas as obrigações presumíveis relacionadas aos litígios sobre o talco fora dos Estados Unidos e do Canadá".

Por outro lado, um porta-voz da Kenvue afirmou que “anos de testes realizados por laboratórios independentes e renomados, universidades e autoridades sanitárias no Reino Unido e em todo o mundo” comprovam que o produto é seguro, “não contém amianto e não causa câncer”.

No início do ano, a Justiça americana rejeitou a oferta da Johnson & Johnson, que propunha, sem considerar sua responsabilidade, pagar cerca de 8 bilhões de dólares (43,7 bilhões de reais na cotação atual) em 25 anos para resolver 90 mil ações civis naquele país relacionadas a problemas de ovários (99,75% das denúncias atuais).

Desde julho de 2024, o talco da marca é classificado como provavelmente cancerígeno pela Agência Internacional para a Pesquisa sobre o Câncer (IARC, na sigla em inglês) da Organização Mundial da Saúde (OMS).

*Com AFP

(Sob supervisão de Edu Oliveira)

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Rebeca Nicholls é estagiária do digital da Itatiaia com foco nas editorias de Cidades, Brasil e Mundo. É estudante de jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNIBH). Tem passagem pelo Laboratório de Comunicação e Audiovisual do UniBH (CACAU), pela Federação de Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg) e pelo jornal Estado de Minas