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‘Israel não conseguiria atacar bases nucleares do Irã sem apoio dos EUA’, comenta especialista

Estados Unidos entrou oficialmente na guerra entre Israel e Irã neste sábado (21); país bombardeou usinas nucleares iranianas

Irã contra-atacou Israel após ter usinas nucleares destruídas

O bombardeio norte-americano a três usinas nucleares iranianas, neste sábado (21), marcou oficialmente a entrada dos Estados Unidos na guerra entre Irã e Israel. Em um pronunciamento após a ofensiva contra as usinas, o presidente Donald Trump declarou: “Haverá paz ou tragédia para o Irã".

Para o professor de relações internacionais da PUC Minas e professor de geopolítica da Academia da Polícia Militar, Danny Zahredine, sem o apoio dos EUA, Israel não conseguiria realizar os ataques vistos no sábado.

“Há algumas semanas, já havia a especulação de uma pressão de Israel para a entrada dos Estados Unidos (no conflito). A ideia é que ele pudesse auxiliar no bombardeamento, principalmente, da usina de Fordol. Mas ainda é recente para a gente poder avaliar os desdobramentos disso. Alguns analistas avaliam que os EUA poderiam atacar uma única vez, destruindo a capacidade nuclear iraniana, sem se envolver no conflito mais ampliado naquela região. Por outro lado, é difícil de avaliar o desdobramento dessa ação porque o Irã e seus aliados regionais vão buscar retaliar, para além de Israel, as bases americanas naquela área”, explica.
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Entre os principais aliados do Irã estão China e Rússia. Apesar de não se envolverem diretamente no conflito, os dois países atuam nos bastidores das relações internacionais a favor do Irã.

"(O ataque dos EUA) é um momento muito grave porque tanto a Rússia, quanto a China, tem no Irã um aliado importante naquela região”, diz o professor.

Resposta do Irã e críticas a Trump

Para Zahredine, as próximas 48 horas serão cruciais para entender qual será a reação do Irã aos ataques.

“São dois prováveis caminhos. O primeiro seria a tentativa de diálogo com os Estados Unidos para encerrar o conflito. O segundo seria uma resposta dura contra Israel e contra bases militares dos Estados Unidos no Iraque, Arábia Saudita, Catar, Barém e Síria. Então, é um momento de grave preocupação no mundo”, comenta.

A entrada dos EUA na guerra não foi bem vista pelos aliados de Donald Trump, que tinha como promessa de campanha promover a paz mundial.

“A ação americana, de certa forma, se afasta da ideia de fazer do ‘Make America Great Again’ (slogan de Trump que significa, em tradução literal, ‘faça a América grande de novo’) ou do ‘America First’ (América primeiro). A ideia antes era de afastar os Estados Unidos de guerras e conflitos internacionais, e voltar a atenção para o desenvolvimento americano. Em razão disso, vários aliados do governo Trump nos Estados Unidos criticaram o presidente”, diz o professor.

Eustáquio Ramos é repórter e apresentador da Itatiaia