O Hamas aceitou uma nova proposta dos países mediadores - Egito, Catar e Estados Unidos - para uma trégua com Israel na Faixa de Gaza, que inclui a libertação dos reféns que estão no território palestino, informou na noite dessa segunda-feira (18) a Agência AFP.
No Cairo, o diretor dos serviços de inteligência egípcios, Diaa Rashwan, disse ao veículo estatal Al-Qahera News que seu país e o Catar haviam apresentado sua proposta a Israel: “A bola está no campo israelense”.
“O Hamas deu sua resposta, aceitando a nova proposta dos mediadores. Rogamos a Deus para apagar o fogo dessa guerra contra o nosso povo”, publicou nas redes sociais Basem Naim, representante do movimento islamista.
Israel não comentou a proposta de trégua. Na semana passada, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ressaltou que somente aceitaria um acordo “no qual todos os reféns fossem libertados de uma vez” e que respeitasse suas condições para pôr fim à guerra.
A nova proposta entregue ao grupo prevê uma trégua inicial de 60 dias e a libertação em duas etapas como prévia de um acordo definitivo, havia antecipado um funcionário palestino nesta segunda-feira. O conflito já dura 22 meses e provocou uma crise humanitária na Faixa de Gaza.
A nova oferta surge mais de uma semana depois de o gabinete de segurança de Israel ter aprovado planos para assumir o controle de Gaza e dos campos de refugiados vizinhos com o objetivo de derrotar o Hamas e libertar os reféns.
Pressão
Netanyahu disse hoje que conversou “com o ministro da Defesa e o chefe do Estado-Maior sobre nossos planos para Gaza e o cumprimento de nossas missões”. “O Hamas está sob extrema pressão”, afirmou, sem mencionar a proposta de trégua.
A oferta aceita pelo movimento islamista retoma as linhas gerais de um plano anterior do enviado americano, Steve Witkoff. Segundo uma fonte da Jihad Islâmica, grupo armado que combate com o Hamas, o plano inclui “um acordo de cessar-fogo de 60 dias, durante os quais 10 reféns israelenses serão libertados juntamente com um determinado número de corpos”.
Dos 251 reféns capturados pelo Hamas durante o ataque que desencadeou a guerra, 49 permanecem na Faixa de Gaza, incluindo 27 que teriam morrido, segundo o Exército israelense.
Segundo a fonte da Jihad Islâmica, “os demais reféns serão libertados em uma segunda fase, seguida imediatamente por negociações para um acordo mais amplo” para encerrar de maneira permanente a “guerra e agressão”, com garantias internacionais. “Todas as facções apoiam o que foi apresentado” pelos mediadores egípcios e catarianos, acrescentou.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu hoje na rede Truth Social a destruição do Hamas como solução para a crise dos reféns. “Somente veremos o retorno dos reféns restantes quando o Hamas for confrontado e destruído! Quanto antes isso acontecer, maiores serão as chances de sucesso.”
O chanceler egípcio, Badr Abdelatty, visitou hoje a passagem de Rafah, na fronteira com a Faixa de Gaza, e disse que o premiê do Catar, Mohamed al-Thani, fazia uma visita ao seu país com o objetivo de “exercer pressão máxima sobre as partes” para que fechem um acordo.
O premiê ressaltou a necessidade urgente de uma solução para o conflito, devido às condições humanitárias dos mais de 2 milhões de habitantes da Faixa de Gaza, que, segundo a ONU e outras organizações, sofrem com a fome.
Campanha ‘deliberada’ de fome
O grupo de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional acusou hoje Israel de realizar “uma campanha de fome deliberada” na Faixa de Gaza e de destruir “sistematicamente a saúde, o bem-estar e o tecido social” no território palestino. Israel negou afirmações similares anteriores, mas continua limitando significativamente o fluxo de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
O ataque do Hamas que desencadeou o conflito, em outubro de 2023, deixou 1.219 mortos, a maioria civis, segundo um levantamento baseado em números oficiais. A ofensiva de Israel em resposta deixou quase 62 mil palestinos mortos, a maioria civis, segundo números do Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, que a ONU considera confiáveis.