Os Estados Unidos anunciaram uma recompensa de US$ 5 milhões por qualquer informação que possa levar à prisão de Jimmy “Barbecue” Chérizier, ex-policial de 48 anos que se apresenta como revolucionário e tornou-se a figura central da violência que há anos afeta o Haiti. “Barbecue”, como é chamado, lidera a coalizão de gangues “Viv ansanm” (Viver juntos), que controla cada vez mais território em Porto Príncipe e em outras regiões do país.
A “Viv ansanm”, é formada pela união das gangues G9 e G-Pèp, antes rivais, e que em 2024 lançou ataques contra infraestruturas estratégicas de Porto Príncipe. A ação provocou a renúncia do então primeiro-ministro Ariel Henry e levou à criação de um conselho presidencial de transição.
Apesar do envio, em junho de 2024, de uma força internacional para apoiar a segurança, o grupo de Chérizier continua atuando na cidade. Desde janeiro deste ano, diversos municípios e bairros da capital estão sob controle da gangue. Policiais, soldados haitianos e membros da missão internacional foram mortos, enquanto milhares de pessoas foram forçadas a abandonar suas casas.
No dia 7 de agosto, durante a troca de presidência no conselho de transição, Chérizier atacou o bairro que abriga a sede da instituição e do primeiro-ministro Alix Didier Fils-Aimé. Em vídeo publicado nas redes sociais, o líder pediu que a população permitisse a entrada de seus homens no local.
“Temos que derrubar esses ladrões que dirigem o país. O povo deve nos ajudar na batalha para libertar o Haiti”, afirmou na gravação.
Em 2022, Jimmy “Barbecue” estava à frente da gangue G9 que bloqueou por meses o principal terminal de combustíveis do país, paralisando a distribuição de gasolina e agravando a crise humanitária. O episódio motivou pedidos para envio de forças multinacionais em apoio à polícia haitiana, sobrecarregada.
Sanções internacionais
A influência de Chérizier levou à sua inclusão, em outubro de 2022, no regime de sanções da ONU contra gangues armadas haitianas, que inclui proibição de viagens, congelamento de ativos e embargo seletivo de armas. Em 2 de maio de 2025, o Departamento de Estado dos EUA classificou a “Viv ansanm” como “organização terrorista estrangeira”.
Relatórios da ONU e do Departamento do Tesouro dos EUA apontam a participação de Chérizier no massacre de La Saline, em 2018, que deixou 71 mortos. Na época, vítimas foram retiradas de suas casas, arrastadas pelas ruas e seus corpos queimados ou dados de comer a animais, segundo os relatórios. O apoio de autoridades do governo do ex-presidente Jovenel Moïse também foi citado nas investigações.
Apesar das acusações, Chérizier afirma não se considerar criminoso.