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Entenda o apagão global causado pela falha na Amazon Web Services

Uma pane na Amazon Web Services (AWS) gerou falha no ‘pilar invisível da internet moderna’, especialistas alertam

Amazon corrige falha na nuvem, mas serviços ainda podem apresentar instabilidade

Na madrugada desta segunda-feira (20), uma falha técnica no Amazon Web Services (AWS), um dos maiores provedores de serviço em nuvem do mundo, provocou uma reação em cadeia que atingiu milhões de pessoas em diferentes países. O que começou como um problema localizado em servidores da região da Virgínia (EUA) se transformou em um apagão digital global, afetando desde jogos online até serviços financeiros e plataformas de comunicação.

Segundo agência de de notícias, a interrupção começou por volta das 3h11 (horário da Costa Leste dos EUA) e rapidamente se espalhou, derrubando sites e aplicativos como Snapchat, Fortnite, Signal, Duolingo, Robinhood e até mesmo serviços internos da própria Amazon.

A empresa informou que o incidente provocou “aumentados índices de erro e latência” em múltiplos sistemas da região US-EAST-1, responsável por parte significativa do tráfego mundial. A causa foi uma falha no sistema de DNS (Domain Name System), mecanismo essencial que traduz endereços da web em conexões entre servidores.

Mesmo após a correção inicial, os efeitos continuaram a ser sentidos ao longo do dia, com atrasos e lentidão persistentes em diversos serviços, segundo o jornal norte-americano Tom’s Guide, especializado em análises e notícias sobre tecnologia, que acompanha o apagão em tempo real.

Dependência Global

O que poderia parecer um simples “erro de sistema” revelou, na prática, o grau de dependência global de uma única infraestrutura digital.

De acordo com o jornal The Guardian, da Inglaterra, descreveu a AWS como um “pilar invisível da internet moderna”, ou seja, uma base essencial sobre a qual se apoia boa parte do que fazemos online, do streaming ao trabalho remoto.

“Precisamos urgentemente de diversificação na computação em nuvem. A infraestrutura que sustenta o discurso democrático, o jornalismo independente e as comunicações seguras não pode depender de um punhado de empresas”, alertou a Dra. Corinne Cath-Speth, chefe de digital da organização de direitos humanos Article 19, em entrevista ao The Guardian.

E como isso afeta você?

Mesmo que você não tenha uma conta na AWS, é quase certo que usou algo que depende dela: um aplicativo de mensagens, uma plataforma de ensino, um site de compras ou um serviço de streaming. Entre os serviços da própria Amazon afetados estão Amazon.com, Amazon Prime Video, Amazon Music, Alexa e Ring, além de sistemas internos da AWS.

A falha na AWS também teve reflexos diretos nos sistemas de pagamento, como o Pix, amplamente utilizado no Brasil. O ocorrido afetou serviços como o PicPay e o Mercado Pago e usuários relataram atrasos e instabilidade nas transações, e o site DownDetector registrou um aumento exponencial de reclamações por volta das 12h36, com 228 notificações de problemas no sistema.

Segundo o The Guardian, usuários relataram falhas em assistentes de voz, atrasos em pedidos de delivery e até problemas em dispositivos de casa inteligente, tudo porque a nuvem “sumiu” por algumas horas.

A cada clique, transferência bancária ou comando de voz, há uma cadeia de servidores e APIs (interfaces de aplicação) que fazem tudo funcionar, e muitos deles estão hospedados exatamente na infraestrutura que falhou.

Como usuários podem se proteger de futuras instabilidades em serviços da nuvem?

1. Tenha planos de contingência

  • Backup local ou alternativo: Mantenha cópias de arquivos importantes localmente ou em outro serviço de nuvem.
  • Redundância de serviços: Se você depende de aplicativos críticos (como plataformas de pagamento ou e-mail), considere usar serviços alternativos que possam assumir em caso de falha.

2. Monitore o status dos serviços

  • Sites de monitoramento: Use ferramentas como DownDetector, Statuspage ou painéis oficiais das nuvens para receber alertas sobre instabilidades.
  • Notificações automáticas: Configure alertas por e-mail ou apps de monitoramento para ser informado imediatamente sobre falhas.

3. Planeje transações com antecedência

  • Evite realizar operações essenciais (pagamentos, uploads, downloads importantes) nos horários de pico ou sem alternativas.
  • Em casos de serviços financeiros ou Pix, por exemplo, sempre tenha outros meios de pagamento à disposição.

4. Utilize autenticação e recuperação robusta

  • Segurança adicional: Mesmo durante falhas, suas contas e dados devem estar protegidos.
  • Opções de recuperação: Cadastre e-mails alternativos ou autenticação de dois fatores em caso de indisponibilidade do serviço principal.

5. Prefira serviços com alta confiabilidade

  • Opte por fornecedores que ofereçam SLA (Service Level Agreement) robustos, redundância geográfica e histórico de estabilidade.
  • Verifique se o serviço possui planos de mitigação de falhas, como failover automático e backups frequentes.

6. Tenha comunicação com fornecedores

  • Em caso de falha, entre em contato com o suporte imediatamente.
  • Algumas empresas têm canais de atendimento e compensações previstas em contrato de serviço.

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Estudante de jornalismo pela PUC Minas. Trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre Cidades, Brasil e Mundo.