Ouvindo...

Conselho Norueguês da Paz cancela cortejo com tochas concedido a María Corina Machado

‘Temos de ser fiéis aos nossos princípios’, diz presidente do Conselho

Líder da oposição venezuelana, Maria Corina Machado

O Conselho Norueguês da Paz comunicou neste sábado (25), que o tradicional cortejo com tochas por Oslo, no dia da entrega do Prêmio Nobel da Paz à política venezuelana María Corina Machado não vai mais acontecer. A instituição justificou que discorda da escolha.

O Conselho, formado por 17 organizações pacifistas norueguesas e cerca quinze mil ativistas, declarou que “não sente que a laureada deste ano esteja alinhada com os valores fundamentais do Conselho de Paz Norueguês e de seus membros”.

"É uma decisão difícil, mas necessária. Temos um grande respeito pelo Comitê Nobel e pelo Prêmio da Paz como instituição, mas, como organização, temos de ser fiéis aos nossos princípios e ao amplo movimento pela paz que representamos. Esperamos celebrar novamente o prêmio nos próximos anos”, afirmou a presidente do Conselho da Paz noruegues, Eline H. Lorentzen.

Ao diário norueguês VG, Lorentzen reforçou que alguns métodos não estão em consonância com os valores das organizações membros, como a promoção do diálogo e de métodos “não-violentos”

A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, foi anunciada em 10 de outubro como vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2025, em reconhecimento ao seu trabalho na defesa dos direitos democráticos do povo venezuelano e à luta por uma transição pacífica da ditadura para a democracia, segundo o Comitê Nobel da Noruega.

Um dos momentos mais tradicionais da cerimônia, o cortejo de tochas pelo centro de Oslo até o hotel onde o laureado está hospedado, foi cancelado pelo Conselho Norueguês da Paz. A marcha, realizada na véspera da entrega do prêmio, em 10 de dezembro, é considerada um dos pontos altos da programação do Nobel da Paz, embora não seja organizada diretamente pelo Instituto Nobel Norueguês.

A tradição vem desde 1954 e costuma ser promovida pelo Conselho da Paz da Noruega, uma das entidades mais importantes do país no campo do pacifismo. Em outras ocasiões, porém, o grupo já havia recusado a organização, como ocorreu em 2012, quando a União Europeia foi a laureada.

Diante da decisão, a Aliança Norueguesa de Justiça Venezuelana, uma organização não governamental que atua em defesa da liberdade, da democracia e dos direitos humanos na Venezuela, informou que assumirá a organização do cortejo neste ano.

O vencedor do Prêmio Nobel da Paz é escolhido por um comitê composto por cinco membros nomeados pelo Parlamento norueguês, com mandatos de seis anos, conforme a correlação de forças políticas da Casa.

A escolha de María Corina Machado recebeu apoio da maioria dos partidos políticos da Noruega, mas enfrentou críticas de dois aliados externos do governo trabalhista: o Partido da Esquerda Socialista, quarto maior do país, e o Partido Vermelho, sexto na hierarquia parlamentar.

O Instituto Nobel Norueguês ainda não confirmou se Machado, que vive na clandestinidade na Venezuela por questões de segurança, poderá viajar a Oslo para receber o prêmio pessoalmente em dezembro.

*com agências

Leia também

Estudante de jornalismo pela PUC Minas. Trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre Cidades, Brasil e Mundo.