A cúpula entre
Fim da trégua
A expectativa da Ucrânia e de nações europeias era de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, conseguisse um cessar-fogo com Vladimir Putin, mais de três anos após o início da ofensiva militar russa na Ucrânia. No entanto, os planos tomaram outro rumo. “Todos concordaram que a forma mais eficaz de pôr fim à terrível guerra entre a Rússia e a Ucrânia é alcançar diretamente um acordo de paz, que acabaria com o conflito, e não um simples acordo de cessar-fogo, que frequentemente é desrespeitado”, declarou Trump em sua rede Truth Social ao retornar a Washington.
Essa abordagem representa uma vitória para Putin, já que suas tropas têm progredido recentemente no leste da Ucrânia. Desde o começo, o presidente russo insistia em um acordo de paz mais abrangente, alegando que ele permitiria tratar as “raízes” da guerra, como o interesse da Ucrânia em aderir à Otan. Moscou encara a aliança militar como uma ameaça existencial.
Durante a cúpula no Alasca, o exército russo lançou 85 drones e um míssil contra a Ucrânia, conforme relato de Kiev. No sábado seguinte, as forças russas também anunciaram a captura de duas cidades no leste ucraniano.
Pausa nas sanções americanas
O prazo imposto pelos Estados Unidos para a Rússia encerrar a guerra na Ucrânia expirou na sexta-feira. Caso a Rússia não tivesse cumprido o prazo, entrariam em vigor sanções “secundárias”, que visariam países que compram petróleo e armas russas. “Pela forma como as coisas se desenrolaram hoje, não acho que devo pensar nisso agora”, disse o presidente americano à Fox News após a reunião.
Putin afirmou no sábado que a cúpula foi “oportuna” e “muito útil”, e que ambos discutiram formas de resolver o conflito “de maneira justa”. Trump, por sua vez, está “analisando cuidadosamente” uma proposta legislativa que lhe daria o poder de aplicar tarifas de 500% a qualquer nação que auxilie a Rússia. No entanto, líderes europeus disseram que estão “dispostos a manter a pressão” com “sanções e medidas econômicas específicas” enquanto os “massacres na Ucrânia continuarem” e até que se estabeleça uma “paz justa e duradoura”.
Questões territoriais em aberto
A Ucrânia temia um acordo em Anchorage que a obrigasse a ceder parte de seu território. A Rússia já anexou a Crimeia em 2014, e hoje ocupa cerca de 20% do território ucraniano em quatro regiões (Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia). Nem Putin nem Trump tocaram no assunto diretamente. Mas quando o presidente americano disse em sua declaração final que havia “muito poucas” questões a serem resolvidas, e que “uma delas é provavelmente a mais importante”, estaria ele se referindo à questão territorial?
Garantias de segurança
Com o apoio dos aliados europeus, a Ucrânia exige garantias de segurança para o fim das hostilidades, a fim de evitar novas incursões russas, algo que Moscou rejeita. O tema não foi abordado abertamente.
No entanto, em uma conversa com o presidente ucraniano Volodimir Zelensky e líderes europeus, Trump sugeriu uma garantia de segurança para Kiev semelhante ao Artigo 5 da Otan, mas fora da aliança. A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, disse que o primeiro passo seria definir “uma cláusula de segurança coletiva que permitiria à Ucrânia ter o apoio de todos os seus parceiros, incluindo os Estados Unidos”. Vários países europeus, como França e Reino Unido, se mostraram dispostos a contribuir com uma força que ficaria na Ucrânia, mas longe das zonas de conflito.
Uma reunião trilateral à vista?
*Com informações de AFP