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Trump diz que falará com Putin para acabar com “banho de sangue” na Ucrânia

Ainda neste sábado (17), o kremlin disse que um encontro entre Putin e o presidente ucraniano só seria possível se ambas as partes chegarem previamente a um acordo

A declaração acontece um dia depois das primeiras negociações diretas em Istambul em mais de três anos de guerra

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou neste sábado (17) que vai conversar por telefone com o presidente russo, Vladimir Putin, para pôr fim ao “banho de sangue” na Ucrânia. A declaração acontece um dia depois das primeiras negociações diretas em Istambul em mais de três anos de guerra.

Ainda neste sábado, o Kremlin disse que um encontro entre Putin e o presidente ucraniano só seria possível se ambas as partes chegarem previamente a um acordo. Trump vem pressionando a Rússia a aceitar um cessar-fogo incondicional de 30 dias e comentou que falará com Putin já na segunda-feira (19), segundo a Agence France-Presse (AFP).

Segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou para a agência estatal TASS a ligação está “sendo preparada”. Já o presidente norte-americano disse na rede Truth Social que o objetivo da conversa será “colocar fim ao ‘banho de sangue’”.

“Os Estados Unidos querem alcançar um fim duradouro para a guerra entre Rússia e Ucrânia”, declarou posteriormente Tammy Bruce, porta-voz do secretário de Estado americano, Marco Rubio, que estava em Roma para participar no domingo da missa inaugural do papa Leão XIV.

“O plano de paz proposto pelos Estados Unidos define o melhor caminho a seguir”, acrescentou, confirmando que Rubio e seu homólogo russo, Serguei Lavrov, conversaram por telefone neste sábado, e saudou o acordo de troca de prisioneiros firmado em Istambul.

A reunião de sexta-feira (16) na cidade turca colocou em foco as profundas divergências entre as posições dos dois lados. O único anúncio concreto do encontro foi o acordo de troca de prisioneiros, apesar da Ucrânia ter declarado que sua “prioridade” era alcançar um cessar-fogo.

Encontro “possível”

Durante a conversa com o secretário de Estado americano, Lavrov “confirmou a disposição de Moscou em continuar a cooperação com seus colegas americanos”, informou o Ministério das Relações Exteriores da Rússia em comunicado.

O Kremlin já havia indicado anteriormente que um encontro entre Putin e Zelensky seria “possível”. No entanto, apenas condicionado a acordos prévios entre as partes. Já a Ucrânia também levantou essa possibilidade nas negociações de sexta-feira.

Em meio a esses encontros, Moscou também destacou que a continuidade das negociações com a Ucrânia só será possível após a realização da “troca de prisioneiros no formato 1.000 por 1.000".

O presidente ucraniano chegou a lamentar neste sábado que a Rússia esteja desperdiçando a oportunidade de chegar a um cessar-fogo, e afirmou que “só mantém a oportunidade de continuar matando”.

Zelensky também renovou seu apelo para que os aliados de Kiev aumentem as sanções contra Moscou. “Sem mais pressão sobre a Rússia, não haverá diplomacia real”, afirmou.

Posteriormente, o presidente ucraniano se encontrou com o primeiro-ministro canadense, Mark Carney, pela primeira vez. Na ocasião, ele teria discutido “em detalhes” as “sanções que podem ser eficazes” contra a Rússia.

“As próximas sanções contra a Rússia devem ser fortes”, ressaltou nas redes sociais, e enfatizou que devem incidir especialmente sobre o setor de energia.

Em meio aos encontros e discussões, neste sábado (17) um bombardeio russo contra um micro-ônibus que transportava civis em Sumi, no norte da Ucrânia, deixou nove mortos e quatro feridos, segundo autoridades regionais

Já no sul da Ucrânia, autoridades de Kherson relataram que bombardeios atingiram um bairro residencial e um caminhão com ajuda humanitária. No ataque, duas pessoas morreram e 13 ficaram feridas. Em Kharkiv, no leste, ataques russos deixaram dois civis mortos e cerca de dez feridos nas últimas 24 horas.

“Continuar os contatos”

Essas são as primeiras conversas entre Ucrânia e Rússia em mais de três anos. As últimas desse tipo remontam às semanas seguintes à invasão russa, no final de fevereiro de 2022.

O encontro desta sexta-feira (16) durou pouco mais de uma hora e meia e terminou com poucos avanços relevantes, embora a Rússia tenha declarado satisfação e afirmado sua disposição “em continuar os contatos” com a Ucrânia.

Uma fonte diplomática ucraniana, ouvida pela AFP, apontou que os negociadores russos apresentaram “exigências inaceitáveis que vão além do que havia sido discutido antes da reunião”.

*Com informações da AFP

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Rebeca Nicholls é estagiária do digital da Itatiaia com foco nas editorias de Cidades, Brasil e Mundo. É estudante de jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNIBH). Tem passagem pelo Laboratório de Comunicação e Audiovisual do UniBH (CACAU), pela Federação de Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg) e pelo jornal Estado de Minas