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‘Resolver a guerra neste momento é ceder a Ucrânia para a Rússia’, diz professor sobre relação Trump x Putin

Osvaldo Deon aborda o dilema entre buscar a paz na Ucrânia e evitar concessões que fortaleçam a Rússia geopoliticamente

Presidentes dos Unidos, Donald Trump, e da Rússia, Vladimir Putin

A relação do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, pode impactar a guerra na Ucrânia. No entanto, na avaliação do professor de Ciência Sociais, Osvaldo Deon, ceder às concessões atuais para colocar fim ao conflito significa entregar o território ucraniano.

“Muita gente vê de forma positiva que os Estados Unidos façam um apaziguamento e resolvam o problema da guerra na Ucrânia. Resolver a guerra na Ucrânia neste momento é ceder a Ucrânia para a Rússia. Existem guerras que têm adversários ou inimigos, no caso da Rússia, e que deve haver algum tipo de equilíbrio, e existem guerras que são feitas para poder fortalecer a posição interna de alguns”, disse à Itatiaia.

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Para o professor, o fortalecimento da posição da Rússia na Europa traria consequências para países-chave da OTAN, como Alemanha e França. Isso poderia aumentar a influência russa sobre o continente e ameaçar a segurança europeia.

“Fazer o final da guerra da Ucrânia nas condições atuais significa aumentar o poder russo sobre a Europa e colocar em risco a Alemanha, a França e vários dos países da chamada Otan. Então é preciso observar agora como será o relacionamento com o Vladimir Putin”, destaca.

Relação Rússia x China

A estratégia mencionada de Trump seria enfraquecer a relação entre Rússia e China, mas o Osvaldo Deon considera isso improvável. Apesar de seus interesses divergentes, Rússia e China têm buscado cooperação estratégica contra a hegemonia ocidental.

“Se em 2016 o que se dizia era que Putin fez operações pela internet na Cambridge Analytica para fazer a vitória de Donald Trump naquele período, hoje há muitos riscos de uma maior proximidade entre este homem forte russo com esse homem forte americano. A ideia é Trump é colocar em risco a relação entre China e Rússia, mas é muito improvável que os russos de desloquem em direção à posição dos Estados Unidos, mesmo que eles ganhem terreno na Ucrânia”.

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Graduado em jornalismo e pós graduado em Ciência Política. Foi produtor e chefe de redação na Alvorada FM, além de repórter, âncora e apresentador na Bandnews FM. Finalista dos prêmios de jornalismo CDL e Sebrae.
Editor de Política. Formado em Comunicação Social pela PUC Minas e em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já escreveu para os jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.