A história recente da Síria sofreu uma reviravolta dramática com a queda de Bashar al-Assad, presidente que governou o país com mão de ferro por 24 anos. Al-Assad fugiu da capital Damasco neste domingo, após a entrada de forças rebeldes na cidade, marcando o fim não apenas de seu poder, mas de toda a dinastia Assad.
Bashar al-Assad assumiu a presidência em 2000, sucedendo seu pai, Hafez al-Assad, que governava desde 1971. Sua ascensão ao poder foi consolidada por meio de um referendo realizado sem a participação da oposição, estabelecendo desde o início as bases de um regime autoritário.
Da Primavera Árabe à Guerra Civil
Em 2011, no contexto da Primavera Árabe, a Síria foi palco de uma revolta popular que exigia a queda de Assad. A resposta do regime foi uma repressão implacável, que levou à militarização do levante e, consequentemente, a uma devastadora guerra civil. O conflito, que se estendeu por quase 14 anos, resultou em mais de 500 mil mortes e no deslocamento de metade da população síria.
Durante anos, Assad manteve-se no poder graças às alianças com a Rússia, o Irã e o movimento libanês Hezbollah. No entanto, essa situação se deteriorou recentemente, com o foco da Rússia voltado para a guerra na Ucrânia e o enfraquecimento das frentes de apoio contra Israel em Gaza e no Líbano.
A Queda do Regime
Aproveitando-se dessa brecha, grupos rebeldes islamistas iniciaram uma ofensiva relâmpago em 27 de novembro, conquistando rapidamente várias cidades sírias até chegarem a Damasco. A fuga de Assad representa não apenas o fim de seu governo, mas também o colapso de um sistema político que dominou a Síria por décadas.
O destino de Bashar al-Assad, um oftalmologista formado no Reino Unido, foi selado pela morte de seu irmão mais velho, Basel, em um acidente de trânsito em 1994. Forçado a deixar Londres, onde conheceu sua esposa Asma, Assad foi preparado para suceder seu pai, seguindo os passos do regime Ba’ath, conhecido por sua intolerância à dissidência.
A queda de Assad marca o fim de uma era na Síria, deixando um país devastado por anos de conflito e instabilidade. O futuro da nação permanece incerto, com desafios significativos para a reconstrução e reconciliação nacional.