A Convenção Nacional Democrata em Chicago começou nessa segunda (20) em tom de homenagem e despedida. A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, homenageou Joe Biden, disse que estava “eternamente agradecida” e chamou o presidente de “incrível”.
“Joe, obrigada por sua liderança histórica, por sua vida de serviço à nossa nação”, disse ela, aclamada pelos milhares de delegados que se reuniram no United Center, casa dos Chicago Bulls e dos Chicago Blackhawks.
Emocionado, Biden se dirigiu ao público em uma primeira noite agridoce da festa democrata, na qual Harris passa a ser oficialmente a candidata para disputar a Casa Branca contra o republicano Donald Trump.
Muitos dos delegados ficaram com as emoções à flor da pele em Chicago.
“Esta noite honramos o presidente Joe Biden e seu legado”, disse Luciano Garza, do Texas.
"É surreal, muito triste, mas estamos esperançosos com o que ele fez, ao passar o bastão para Kamala Harris, que continuará seu legado”.
“Este é o tipo de sacrifício sobre o qual os Estados Unidos foram fundados”, disse o delegado de Missouri, Kyle Yarber, comparando-o a um dos fundadores do país, George Washington.
Leia também:
A nomeação é um marco em sua carreira e encerra um dos meses mais turbulentos da política americana, no qual Kamala sucedeu a Biden, que, pressionado pelas dúvidas sobre sua idade avançada, desistiu de disputar um segundo mandato.
A advogada de 59 anos trouxe um novo ânimo ao Partido Democrata quando muitos começavam a se resignar com um cenário de derrota.
A mais recente pesquisa do The Washington Post/ABC/Ipsos divulgada no domingo mostra Kamala com uma vantagem estreita sobre Trump, uma recuperação significativa considerando que, há um mês, Biden estava empatado com o magnata republicano e perdendo terreno em estados cruciais como Arizona e Nevada.
Trump em campanha
A ascensão da vice-presidente incomoda os republicanos.
Trump, de 78 anos, iniciou uma agenda apertada nesta semana na Pensilvânia, onde foi alvo de uma tentativa de assassinato em julho.
O candidato pretendia focar em sua proposta econômica, mas se desviou para ataques à rival e teorias conspiratórias. “Não sei que diabos está fazendo”, disse ele, referindo-se a Kamala.
Trump continuará sua campanha visitando estados-chave como Carolina do Norte e Arizona, onde irá à fronteira com o México para abordar a migração, um tema central para sua plataforma de campanha.
Nesta semana, no entanto, as atenções estarão voltadas para o United Center, a icônica casa dos Chicago Bulls e dos Chicago Blackhawks, onde tudo está pronto para receber dezenas de milhares de democratas que se reunirão para aplaudir Kamala.
As especulações sobre a participação de Beyoncé, que cedeu seu imponente hino “Freedom” para a campanha, aumentam a expectativa em torno do evento que, no fim das contas, será uma plataforma única para Harris em seu desafio de conquistar um eleitorado que não necessariamente está muito familiarizado com ela.
Descontentamento
Mas, apesar da imagem de unidade e emoção que os democratas querem passar em sua convenção, há descontentamento nas bases.
Cerca de trinta delegados do movimento “não comprometido” chegam ao evento incomodados com a posição do governo Biden-Harris em relação à guerra em Gaza.
O grupo é uma pequena minoria, considerando que o evento conta com quase 5 mil delegados, mas a causa tem gerado barulho, com centenas de pessoas protestando no centro de Chicago no domingo e nesta segunda-feira contra a incursão israelense que já deixou mais de 40 mil mortos em Gaza.
Ao som de “Palestina Livre”, cerca de mil pessoas se reuniram nas imediações da Convenção quando os delegados começavam a chegar e derrubaram uma cerca de segurança. Contudo, a multidão se dispersou rapidamente.