Considerada uma das doenças mais temidas, o câncer é alvo de milhares de pesquisas ao redor do mundo. Este é caso do estudo levantado pela bióloga Cara Love, da Universidade de Princeton, que apontou que lobos cinzentos habitantes de Chernobyl possuem mais resistência ao câncer comparado a outros animais da mesma espécie.
Ao comparar as amostras sanguíneas dos lobos-cinzentos de Chernobyl com outros animais da mesma espécie moradores de uma reserva na Bielorrússia e do Parque Nacional Yellowstone, Love entendeu que os lobos expostos à radioatividade possuem uma alteração no sistema imunológico semelhante a de pacientes de câncer que passam por radioterapia. A partir dessa análise, a pesquisadora entendeu que os animais, ao viverem em contato com radiação do local, sofreram mutações genéticas que os tonaram menos propensos a desenvolverem a doença.
O estudo iniciado em 2014, na zona de exclusão de Chernobyl - cerca de 4.2 mil km² isolados após o acidente nuclear da Usina de Chenobyl - colocou coleiras com GPS em lobos da região para monitorar o nível de exposição à radiação que sofriam. Além disso, os pesquisadores analisaram amostras de sangue dos animais. “Olhamos para a composição das células sanguíneas porque há várias células de defesa que circulam no corpo, e elas podem ser um indicativo de diferentes tipos de estresse ou doença”, comentou Love em entrevista à rádio NPR.
Os resultados do estudo foram divulgados em janeiro de 2024 no Encontro Anual da Sociedade de Biologia Integrativa e Comparada, em Seattle, nos Estados Unidos.
Acidente de Chernobyl
Considerado um dos maiores acidentes nucleares do mundo, o acidente de Chernobyl aconteceu no dia 26 de abril de 1986 em Pripyat, na Ucrânia - local fazia parte da antiga União Soviética. Na ocasião, o reator quatro da usina nuclear de Chernobyl explodiu e lançou 200 toneladas de material radioativo na atmosfera, deixando mortos e feridos.
Apesar das autoridades soviéticas terem tentado encobrir o acidente, na época, mais de 126 habitantes da região foram evacuados do local. De acordo com dados oficiais da Organização das Nações Unidas, 50 pessoas morreram diretamente devido ao desastre e outras 4 mil podem ter morrido como resultado de exposição à radiação.
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