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Presidente do Equador declara ‘conflito armado interno’ em meio à onda de violência no país

Criminosos armados invadiram um canal de televisão durante uma transmissão ao vivo, nesta terça-feira (9); Daniel Noboa já havia declarado estado de exceção por 60 dias na segunda (8)

Na segunda-feira (8), o presidente do Equador, Daniel Noboa, declarou estado de exceção por 60 dias no país

O presidente do Equador, Daniel Noboa, declarou que o país está em “conflito armado interno”, nesta terça-feira (9). A medida tem o objetivo de enfrentar grupos de narcotraficantes e “neutralizar” organizações criminosas que impõem uma nova onda de terror no país.

“Assinei o decreto executivo declarando Conflito Armado Interno” e “ordenei às Forças Armadas executar operações militares para neutralizar esses grupos”, escreveu o presidente no X (antigo Twitter).

Na segunda-feira (8), Noboa havia declarado estado de exceção por 60 dias em resposta a uma onda de violência com policiais sequestrados, fuga de presos, ataques à imprensa e motins em presídios. A medida inclui um toque de recolher de seis horas, entre 23h e 5h, horário local (das 01h às 07h em Brasília).

A declaração de estado de exceção também permite que as Forças Armadas intervenham no sistema prisional. Na última semana, o presidente anunciou que construirá dois presídios de segurança máxima nas províncias de Pastaza (leste) e Santa Elena (sudoeste). Segundo ele, os ataques dos últimos dias tem o objetivo de “recuperar o controle” dos presídios.

Ainda nesta terça-feira, indígenas da Amazônia convocaram protestos pacíficos para rejeitar este projeto prisional em seu território biodiverso e produtor de petróleo.

Onda de violência

Há dois dias, o país sul-americano vive noites de terror. Sete policiais foram sequestrados durante o estado de exceção ordenado pelo governo na segunda-feira, em meio a um surto de violência ligado ao narcotráfico.

“São dias extremamente difíceis porque (...) a decisão importante é enfrentar essas ameaças com características terroristas”, disse o secretário de Comunicação do governo, Roberto Izurieta, em entrevista ao canal digital Visionarias.

A fuga da prisão de Adolfo Macías, conhecido como “Fito”, chefe da principal quadrilha criminosa conhecida como Los Choneros, desencadeou a crise no domingo. Nesta terça-feira, as autoridades relataram a fuga de outro líder do tráfico: Fabricio Colón Pico, um dos líderes de Los Lobos, preso na sexta-feira pelo crime de sequestro e sua suposta responsabilidade em um plano para assassinar a procuradora-geral.

Crise ‘sem precedentes’

Aos sequestros dos agentes na noite de segunda se somam explosões em Esmeraldas (nordeste e perto da fronteira com a Colômbia), uma das províncias equatorianas controladas por máfias. Várias pessoas lançaram um artefato explosivo perto de uma delegacia e dois veículos foram queimados em outros locais, sem deixar vítimas.

Em Quito, um veículo explodiu e um dispositivo foi detonado perto de uma ponte de pedestres. Seu prefeito, Pabel Muñoz, pediu ao Executivo a “militarização” de instalações estratégicas ante a “crise de segurança sem precedentes”.

Localizado entre a Colômbia e o Peru, os maiores produtores mundiais de cocaína, o Equador deixou de ser uma ilha de paz para se tornar um forte de guerra às drogas. O ano de 2023 terminou com mais de 7,8 mil homicídios e 220 toneladas de drogas apreendidas, novos recordes no país de 17 milhões de habitantes.

Desde 2021, os confrontos entre presidiários deixaram mais de 460 mortos. Além disso, os homicídios nas ruas entre 2018 e 2023 cresceram quase 800%, passando de 6 para 46 por 100 mil habitantes.

* Com informações da AFP

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