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Pesquisadores ‘conversam’ com baleia e esperam aplicar método com alienígenas

O diálogo com baleias jubarte fornece informações importante sobre como se comunicar com extraterrestres, diz o estudo

O experimento envolvendo baleias e a busca alienígena remete ao filme “Star Trek IV: A volta para casa” (1986)

Pesquisadores do Instituto SETI, da Universidade da Califórnia em Davis e da Fundação da Baleia do Alasca, anunciaram que, pela primeira vez, foram capazes de ‘conversar’ com uma baleia jubarte. O experimento é um teste para tentar desenvolver uma comunicação entre seres humanos e extraterresteres.

O estudo, publicado pela revista PerrJ, em 29 de novembro de 2023, acredita que o diálogo com as baleias jubarte fornece informações importantes sobre como os humanos podem um dia se comunicar com formas de vida além da Terra.

No experimento, os cientistas “conversaram” com uma baleia jubarte, chamada Twain, usando um alto-falante subaquático e reproduziram uma chamada de “contato” debaixo d’água.

Twain respondeu o chamado dos pesquisadores. A bela se aproximou e circulou o barco da equipe ao ouvir a chamada. O diálogo com os cientistas durou cerca de 20 minutos.

“Acreditamos que esta seja a primeira troca comunicativa desse tipo entre humanos e baleias jubarte na ‘linguagem’ das baleias”, disse Brenda McCowan, autora principal do estudo da U.C. Davis, no comunicado.

As baleias jubarte são conhecidas por suas vocalizações que consistem em sequências de sons repetitivos e melodiosos. Elas são popularmente conhecidas como “música” ou “canções”, devido à natureza distinta e complexa dos sons que produzem.

Os sons são emitidos para diferentes funções: comunicação entre membros de um grupo, atrair parceiros durante o acasalamento, marcar território e, em alguns casos, para a ecolocalização - que é a capacidade de usar o som para mapear o ambiente ao redor.

No experimento, Twain respondia o “chamado” reproduzido pelos humanos no mesmo intervalo de tempo que os pesquisadores: se eles gastavam 10 segundos para emitir o sinal, a baleia demorava o mesmo tempo a responder.

O fato de Twain corresponder às variações de intervalo entre os sinais sugere um nível de compreensão e interação sofisticado, semelhante a um estilo de conversação.

Contato além da terra?

A ideia por trás desse estudo é aplicar os conhecimentos adquiridos na busca por inteligência extraterrestre.

Os pesquisadores estão interessados em desenvolver filtros baseados nos princípios da teoria da informação, usando a comunicação entre humanos e baleias como um modelo.

Esses filtros de comunicação “interespécies” podem ser aplicados no processamento de sinais extraterrestres, caso sejam detectados.

Até o momento, a busca por sinais de rádio provenientes do espaço (como o projeto SETI) é uma das principais estratégias adotadas pelos cientistas na busca por inteligência extraterrestre.

A abordagem do SETI (Busca por Inteligência Extraterrestre, em inglês) envolve o monitoramento de frequências específicas no espectro eletromagnético, geralmente em bandas de rádio, onde se acredita que sinais artificiais possam ser detectados.

Esses telescópios são projetados para receber e analisar ondas de rádio em diferentes frequências. Os pesquisadores procuram por padrões que não são típicos de fenômenos naturais conhecidos no espaço e sons que são deliberadamente emitidos.

A vida imita a arte

O experimento envolvendo baleias e a busca alienígena remete a trama do filme “Star Trek IV: A volta para casa” (1986).

No filme, a tripulação da nave USS Enterprise, liderada por Almirante Kirk e Spock, viaja de volta no tempo até século XX para resgatar baleias jubarte na Terra. A ideia era levá-las para o futuro, pois suas vocalizações eram necessárias para interagir com uma sonda alienígena que ameaçava destruir o planeta.

A narrativa ainda oferece um toque de humor, já que a tripulaçã do futuro precisa conviver com a sociedade do passado.

No entanto, outro filme de Hollywood oferece outra perspectiva sobre o diálogo entre humanos e extraterrestres. “A chegada” (2016), de Denis Villeneuve, mostra como seria complexo a comunicação “interespécies”, por noções variadas de tempo e espaço.

O filme se concentra na linguista Louise Banks, interpretada por Amy Adams, e sua interação com seres alienígenas que chegam misteriosamente à Terra a bordo de naves espaciais.

O filme explora os desafios inerentes à comunicação entre espécies distintas. A falta de compreensão da linguagem de espécies diferentes leva a mal-entendidos que intensificaram a tensão global após a chegada dos extraterrestres.

Formado em Jornalismo pela UFMG, com passagens pelo jornal Estado de Minas/Portal Uai. Hoje, é repórter multimídia da Itatiaia.