A espécie de peixe totoaba corre risco de extinção em 2023. Grande alvo de traficantes marinhos, o peixe, supostamente, tem propriedades milagrosas medicinais, além de demonstrar prosperidade e riqueza a quem o consome. Desde 1975, a pesca do animal foi estritamente proibida devido ao grande declínio na quantidade de exemplares no habitat natural.
O peixe se encontra, principalmente, no Mar de Cortez, no litoral norte do México. A procura pela bexiga da totoaba é muito grande em países asiáticos, principalmente na China. Supostamente, as propriedades do peixe são “milagrosas”, embora nunca tenham sido comprovadas.
O preço do quilo da totoaba chega a superar o preço da cocaína pura no mercado ilícito, tornando o produto um item de luxo. Os chineses buscam a bexiga do animal para, além de supostas propriedades curativas, demonstrar riqueza. No Cartel do Mar, o preço de venda do peixe in natura chega a R$ 20 mil o quilo para exportação; no mercado paralelo, os consumidores finais pagam mais de R$ 250 mil por cada quilograma do produto.
A rede mafiosa que lucra com a pesca e venda ilegais da totoaba é chamada de Cartel do Mar que, inclusive, tem membros procurados pela Interpol.
Negócio lucrativo e risco de extinção
A pesca da totoaba foi completamente proibida em 1975, devido à queda na população da espécie. A partir daí, o negócio começou a ficar ainda mais lucrativo para os pescadores ilegais, originando uma rede mafiosa: o Cartel do Mar.
Conforme o jornalista belga Hugo Von Offel, autor do documentário The Godfather of the Oceans (O Poderoso Chefão dos Oceanos), em entrevista à RF1, “a totoaba é um produto que muda a vida deles. Eles o vendem a US$ 3 mil ou US$ 4 mil a um representante do cartel, que depois o colocam num freezer para cruzar o deserto e a fronteira para lugares como Tijuana, por exemplo, e vendem para a China a partir dos Estados Unidos, por avião”.
De acordo com o especialista, as altas cifras do mercado paralelo estão motivando uma perigosa guerra no oceano: “há uma guerra em curso muito perigosa entre o cartel de Sinaloa e outros grupos criminosos que também querem lucrar com este negócio”.
Duas espécies de totoaba já foram extintas. Apesar da pesca predatória ter dezenas de anos, somente 48 casos foram registrados, entre os anos de 2012 e 2021. Desses casos, somente duas prisões foram condenadas.