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Infartos aumentam no inverno: cardiologista alerta para riscos e importância da prevenção

Rafael Alcântra afirma receber atendimento rápido é essencial ao perceber sintomas

O cardiologista da Santa Casa, Rafael Alcântara, concedeu entrevista exclusiva ao Rádio Vivo nesta sexta (25)

Com o inverno, os cuidados com a saúde do coração ganham ainda mais relevância. Segundo o cardiologista Rafael Alcântara, coordenador da equipe de cardiologia da Santa Casa de Montes Claros e professor da UniFipMoC, “o risco de infarto pode ser até 30% maior nessa época do ano”. A afirmação foi feita durante entrevista ao programa Rádio Vivo, da Itatiaia, e acende um alerta para a população sobre os perigos que o frio representa para o sistema cardiovascular.

O médico explica que há dois fatores principais que contribuem para esse aumento: alterações fisiológicas causadas pelo frio e mudanças no estilo de vida das pessoas. “Existem alguns fatores que estão associados à piora dos casos de síndrome coronariana aguda no inverno. Dois dos principais são mudanças no estilo de vida dos pacientes e também efeitos no próprio sistema cardiovascular”, afirmou.

Entre esses efeitos está a vasoconstrição, mecanismo natural do corpo para conservar calor, que pode comprometer a circulação em quem já tem predisposição. “A vasoconstrição é basicamente a contração dos vasos. Pacientes que têm lesões nas coronárias, como placas de colesterol, ao apresentar essa contração provocada pelo frio, podem desenvolver um infarto”, esclareceu.

Dr. Rafael também fez um alerta sobre os sintomas do infarto, que muitas vezes são ignorados ou confundidos. “Dor no peito com sensação de aperto, que pode irradiar para ombro, mandíbula e braço esquerdo, é o sintoma clássico. Mas também é comum haver falta de ar, náuseas, suor frio e cansaço. A dor costuma ser progressiva e precisa de atendimento rápido”, disse. Ele destacou ainda os chamados sintomas atípicos, mais frequentes em idosos, diabéticos, mulheres e pessoas com doença renal: “dor abdominal, tontura, queda de pressão ou apenas falta de ar podem ser sinais de infarto e exigem atenção imediata”.

Sobre a diferença de incidência entre gêneros, o especialista afirmou: “Nos homens a partir dos 45 anos, o infarto é mais comum. Já nas mulheres, o risco aumenta após a menopausa, quando há perda da proteção hormonal que ajuda a manter as artérias dilatadas”.

O médico também comentou sobre os hábitos nocivos comuns no inverno, como o sedentarismo e a alimentação rica em gorduras. Segundo ele, “a tendência de evitar atividade física e consumir alimentos calóricos aumenta a inflamação nos vasos, o que predispõe ao infarto. O estresse também colabora, por elevar os níveis de cortisol, que está associado à inflamação e ao aumento da pressão arterial”.

Para reduzir os riscos, o cardiologista reforçou a importância do acompanhamento médico. “A principal causa de descompensação cardiovascular é o uso incorreto da medicação. Tome os remédios no horário certo, mantenha o acompanhamento com o cardiologista e faça o check-up regularmente”.

Entre os exames recomendados, estão eletrocardiograma, teste ergométrico, ecocardiograma e, em casos específicos, angiotomografia de coronárias. “Esses exames ajudam a identificar precocemente a doença coronariana e prevenir eventos como o infarto”.

Dr. Rafael também destacou um fator muitas vezes esquecido na prevenção: a vacinação. “Complicações infecciosas, como gripe e pneumonia, podem ser gatilhos para descompensação cardiovascular. Atualizem seu cartão vacinal. Temos hoje até vacinas contra herpes que reduzem o risco de eventos cardíacos”.

A entrevista reforça a necessidade de manter a atenção redobrada durante o inverno, época em que o corpo dá sinais importantes que não devem ser ignorados. Como alerta Dr. Rafael: “Quanto mais precoce o atendimento, melhor o resultado do tratamento”.

Osmar Macedo é repórter da Itatiaia – Montes Claros. Jornalista formado pela UFMG e graduado em História pela Unimontes. Entre as coberturas que participou, destaca a tragédia na Creche Gente Inocente em Janaúba e a Canonização de Irmã Dulce, direto de Roma e do Vaticano.